11 DE MAIO DE 2013
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O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Mas para as PPP, assegura! Para os juros da dívida, assegura!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Nenhum cidadão pode confiar num Estado que está em falência financeira.
A primeira regra de restabelecimento desse contrato de confiança é restabelecer a condição de
financiamento, e é isso que estamos a fazer, não obstante as grandes dificuldades.
Porém, Sr.a Deputada, infelizmente, sabemos que, estruturalmente, ainda há muito a fazer na sociedade
portuguesa, e sobre isso ainda falaremos.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Sr.a Deputada, tem a palavra.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro explicou-nos, com clareza, e
agradeço-lhe por isso, algo extraordinariamente importante, que foi o seguinte: quando os partidos PS, PSD e
CDS assinaram o Memorando da troica, o que fizeram foi quebrar o contrato de confiança com os cidadãos
para entregarem confiança aos credores. Alteraram aquilo que era o contrato de confiança.
Vozes do BE: — Muito bem!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — E fizeram-no com base nalgumas premissas. Então, vamos agora ver
essas premissas e o estado a que chegámos.
No Memorando da troica, previa-se que chegaríamos a 2013 com um crescimento económico de 1,2%;
estamos com uma recessão de 2,3%. Não temos crescimento, temos recessão, e muita!
Previa-se, no Memorando da troica, que chegaríamos a 2013 com uma dívida a pesar 108% no nosso PIB,
e estamos já em 126%, Sr. Primeiro-Ministro!
Mais: no Memorando da troica, previa-se que a taxa de desemprego, em 2013, seria 12,4%; estamos no
primeiro trimestre e vamos já em 17,7%.
Portanto, no contrato que os senhores assinaram, nenhuma das premissas era verdadeira. Trocaram a
confiança dos cidadãos pela confiança dos credores e perderam tudo. Perderam tudo! Agora, não nos venha
dizer que tudo está salvo porque foram aos mercados.
Vozes do BE: — Exatamente!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Primeiro-Ministro, os juros da Grécia estão, pela primeira vez, mais
baixos agora do que antes do Memorando da troica. Porquê? Porque a Grécia e Portugal têm o mesmo fiador:
é o BCE. Mas o facto de termos um fiador não significa que consigamos pagar dívida alguma, se a austeridade
continuar a ser a política.
Temos 1 milhão de desempregados e no desemprego ninguém paga a prestação da casa, mesmo que o
juro seja mais baixo. Isso não existe, Sr. Primeiro-Ministro!
A pergunta que lhe faço é a seguinte: qual é o crescimento e o emprego que vão trazer 30 000 funcionários
públicos despedidos ou o aumento da idade da reforma?
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada, não tenho muito a acrescentar àquilo que já
afirmei.
Gostaria apenas de rematar dizendo que, no pressuposto de que a Sr.a Deputada tenha razão, ou seja, de
que só temos juros mais baixos porque temos um fiador, que é o Banco Central Europeu, se isso fosse
estritamente verdade, então, o caminho que teríamos para percorrer seria muito maior e mais penoso do que