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I SÉRIE — NÚMERO 88

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aquele que a Sr.a Deputada condena. Mas não é assim, Sr.

a Deputada. Quero dizer-lhe a si e aos portugueses

que não é assim.

Beneficiamos, com certeza, de políticas de estabilidade na União Europeia — e isso é importante para nós

—, mas beneficiamos também do crédito que conseguimos amealhar junto dos investidores.

Vozes do PSD: — Muito bem!

Risos da Deputada do BE Ana Drago.

O Sr. Primeiro-Ministro: — Posso garantir-lhe, Sr.a Deputada, que se o Governo não tivesse apresentado

a sua visão de médio prazo de sustentabilidade das finanças públicas, aquilo em que os investidores externos

pensariam duas vezes era se valeria a pena investirem em títulos da dívida portuguesa. E não pensaram duas

vezes, Sr.a Deputada, acreditaram que o Governo iria cumprir as suas metas.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

A Sr.ª Presidente: — Sr.a Deputada Catarina Martins, tem a palavra.

A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, julgo que nada do que diz consegue

passar o teste da realidade.

O Governo tentou, até agora, dividir o País: dividir entre jovens e velhos; dividir entre trabalhadores do

setor público e do setor privado; dividir entre quem tem emprego e quem não tem emprego. O que sabemos,

hoje, é que quando a economia está mal, e está mal para todos.

O Sr. Primeiro-Ministro aumenta a idade da reforma e, com isso, penaliza quem já tem uma vida de

trabalho e penaliza também quem quer entrar no mercado de trabalho e não consegue — aumentar a idade da

reforma penaliza velhos e jovens da mesma forma!

Aplausos do BE.

O Sr. Primeiro-Ministro reduz os salários da função pública, que já reduziu de três formas: pelas reduções

feitas até agora, pelas novas reduções que está a anunciar e por mais horas de trabalho. Portanto, a hora de

trabalho cada vez mais barata. Ora, ao fazer a redução dos salários da função pública, está a reduzir os

salários de todos os trabalhadores, não só porque o mercado interno está a cair, as empresas vão à falência,

geram desemprego e não pagam salários, mas também porque está a dar um sinal claro ao mercado de que

os salários quanto mais baixos forem, melhor.

Veja bem, Sr. Primeiro-Ministro, que desde que a troica chegou ao nosso país, os únicos empregos que

aumentam são os empregos a 310 €. Em Portugal, temos mais de 160 000 pessoas a trabalhar por menos de

310 € por mês! Quando ganham menos uns, menos ganham outros! Reduzir os custos de trabalho é sempre

mau, no público e no privado.

Vamos ao desemprego: quando o Sr. Primeiro-Ministro gera desemprego no setor público, gerará

desemprego para todos, porque mais desemprego é uma economia a morrer…

Vozes do BE: — Exatamente!

A Sr.ª Catarina Martins (BE): — … é um País sem respostas, sem capacidade de produção. Portanto,

mais desemprego no setor público vai gerar muito mais desemprego no setor privado.

Quando a economia está mal, está mal para todos. E é a isto que o Ministro Vítor Gaspar chama

«ajustamento bonito».

Vejamos bem: temos mais de metade da população ativa sem emprego, em Portugal. Isto significa não só

que a taxa de desemprego é muito mais alta do que os 17,7%, como que temos um País que está a ter uma

sangria das pessoas que são obrigadas a emigrar.