I SÉRIE — NÚMERO 89
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O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Srs. Deputados, terminámos este ponto da nossa ordem de
trabalhos, pelo que vamos passar ao ponto seguinte, e último, que é o da apreciação do projeto de resolução
n.º 636/XII (2.ª) — Recomenda ao Governo a adoção de medidas de divulgação e apoio à prática de ano
sabático (gap year) em Portugal (PS).
Para apresentar o projeto de resolução, tem a palavra o Sr. Deputado Rui Pedro Duarte.
O Sr. Rui Pedro Duarte (PS): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: A iniciativa que o Partido Socialista
traz hoje a debate, e que recomenda ao Governo medidas de apoio e divulgação à prática do ano sabático em
Portugal, representa uma nova modalidade de mobilidade social para os jovens portugueses e para os jovens
europeus em geral e uma modalidade de mobilidade para o crescimento individual e para o desenvolvimento
interpessoal, a qual, de resto, tem vindo a ganhar inúmeros praticantes e adeptos, em Portugal, em especial
entre os jovens que terminam o seu ciclo de estudos obrigatórios e optam por fazer este ano de crescimento
individual.
Importa, por isso, porque também se trata de uma nova temática, esclarecer que o ano sabático, apesar de
obrigar a uma pausa no ciclo natural da vida quotidiana e no ciclo de estudos dos jovens, é um ano de ganhos,
inequivocamente, a vários títulos. Ganhos na primeira pessoa, desde logo no quadro da aquisição de soft
skills, de competências em contexto de educação não formal; ganhos, desde logo, também, na mundividência
que se adquire, numa fase crucial do percurso escolar e da formação individual dos jovens que optam por
fazer este circuito de ano sabático; ao mesmo tempo, também, ganhos de perceção e experiência real dos
desafios que os jovens vão encontrar e que terão, eles próprios, de enfrentar, no mundo do trabalho.
O ano sabático é um ano de crescimento individual, como disse, qualquer que seja a modalidade praticada,
porque o ano sabático contempla várias modalidades.
Há várias formas de levar a cabo este ano sabático, quer seja em experiências de voluntariado, quer seja
em experiências de ensaios profissionais no mercado laboral. A ideia-chave é e será sempre trabalhar para
viajar, isto é, arranjar formas criativas e inovadoras de financiar as suas próprias viagens, de financiar os
circuitos e as experiências que, durante algum tempo, os jovens levam a cabo pelo mundo fora.
Portanto, vai precisamente neste sentido a proposta do Partido Socialista, que recomenda três medidas
concretas que visam dar apoio e reforçar a prática do ano sabático em Portugal.
Em primeiro lugar, a colaboração do Ministério da Educação com as associações que divulgam esta prática
em Portugal, no sentido de disseminar informação e de promover a cultura gap year nas escolas, porque
também se entende e se parte do princípio de que a escola pública tem de ser e deve ser a principal montra
de experiências para o desenvolvimento pessoal e de preparação dos jovens para o mundo laboral.
Uma segunda medida da recomendação ao Governo, no quadro desta resolução, é a de criação de um
mecanismo de monitorização e acompanhamento dos trajetos feitos pelos jovens durante este ano sabático
pela rede consular de Portugal no mundo, no sentido de garantir e transmitir maior tranquilidade às suas
famílias e, ao mesmo tempo, conferir também maior credibilidade aos trajetos e aos percursos escolhidos
pelos jovens que decidem praticar este ano.
Uma terceira e última medida da recomendação é no sentido de Portugal aproveitar as potencialidades
deste ano sabático, destes circuitos de gap year, para promover o País, a língua portuguesa e a cultura
lusófona, abrindo e formando um programa inovador e único no mundo, tirando partido, portanto, desta nova
forma de mobilidade para um programa de gap year, de ano sabático, no espaço lusófono. Esta seria uma
oportunidade de desenhar um programa único, que visasse receber jovens de todas as culturas e
nacionalidades no espaço da lusofonia.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Rui Pedro Duarte (PS): — Termino, dizendo que, num futuro que se quer centrado no conhecimento,
na inovação e no empreendedorismo, esta é, de certa forma, uma prática que incentiva novas perspetivas e
novos horizontes e, por isso, deve também ser alvo de debate e de um largo consenso, no sentido do apoio
desta nova forma de mobilidade social.