17 DE MAIO DE 2013
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A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Basílio Horta.
O Sr. Basílio Horta (PS): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados Hélder Amaral e João Ramos, agradeço as
questões que me colocaram.
Sr. Deputado Hélder Amaral, meu caro amigo, deixe-me dizer-lhe, com toda a amizade, o seguinte: o meu
amigo anda a ler pouco e anda a ouvir pouco o seu colega Bagão Félix. É que, se ouvisse bem o seu colega
Bagão Félix — e ele merece ser ouvido —, não faria a intervenção que fez aqui.
Sr. Deputado, em relação ao chiste do Governo, nem lhe respondo. O meu governo, neste momento,
chama-se Sintra, e é a isso que estou completamente dedicado, é quase um governo local, e tenciono aplicar
lá muito do que disse aqui, se tiver o encargo de dirigir esse município.
Quanto ao resto, quero dizer-lhe que, na AICEP, fizemos tudo. Se calhar, não fizemos tudo o que
podíamos ter feito, mas isso ninguém pode. Agora, relativamente a todos os investimentos estrangeiros
existentes, veja de onde vieram e quando é que foram negociados, veja isso. Veja as exportações: cresceram
17%, 18%, 19%! Lembra-se?
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Agora, pararam!
O Sr. Basílio Horta (PS): — Neste momento, o aumento é de 0,8%, muito menos do que estava previsto.
Chegou a prever-se 4,2%, para este ano!… Mas não interessa.
Agora, sobre o crescimento, em 2007, foi de 2,4%, o terceiro maior crescimento da zona euro,…
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Foi o maior da década!
O Sr. Basílio Horta (PS): — … foi o maior da zona euro, e, em 2010, foi de 1,9%. Não compare com o que
está a acontecer agora.
O que descrevi foi esse quadro e, depois, fiz um conjunto de sugestões. Se o Sr. Deputado não as ouviu
todas, vou mandar-lhe a minha intervenção com uma dedicatória para poder lê-las e meditar sobre elas.
Sr. Deputado João Ramos, compreendo perfeitamente o que disse. Sendo eu Deputado independente, vou
dizer-lhe o que penso, tenho esse privilégio. Quanto à negociação com a troica, só quem viveu esse tempo é
que percebe as condições em que foi feita essa negociação. Quanto a nós, vivemo-la todos por dentro — e
fizemo-lo, aliás, com o apoio do PSD. As consequências hoje são completamente diferentes, o mundo é
diferente, a Europa é diferente, o País é diferente. Manter o Memorando tal e qual como está, é um gravíssimo
erro.
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — É piorá-lo!
O Sr. Basílio Horta (PS): — Temos de o renegociar. Mas isso depende, em larga medida, da União
Europeia e da política europeia. E o que está a acontecer é que a política europeia está a dar cabo dos países
europeus. Repare na França, com a recessão, na Alemanha, só com 0,1% de crescimento, na Itália ou na
Holanda, todos eles países ricos. Portanto, é necessário, a nível europeu, haver uma mudança profunda na
política europeia.
E quando ouvimos a Alemanha começar a falar em crescimento e emprego, empurrando para a Comissão
culpas, que não sei se tem ou não (eventualmente, não tem), vamos esperar que isso não seja apenas um
lapsus linguae da Sr.ª Merkel, mas uma profunda intenção de mudar de caminho.
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Não há é nenhuma intenção!
O Sr. Basílio Horta (PS): — Agora, não podemos é ter um Governo que é mais troiquista do que
português, sendo capaz de dizer que este programa do Memorando, como disse o Primeiro-Ministro, é o seu
próprio programa. Se isso é assim, então a dificuldade é enorme. A Europa pode mudar, mas se o Governo,
aqui, não mudar, não temos nada a fazer.
Portanto, esperemos que haja essa mudança e nós possamos recuperar a economia.