23 DE MAIO DE 2013
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Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — A próxima intervenção é do PCP.
Tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Machado.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: Este Governo
PSD/CDS governa contra a Constituição, governa contra os reformados, governa contra os trabalhadores
sejam eles do setor público ou do privado, ou seja, governa contra a grande maioria dos portugueses para
governar meia dúzia de grupos económicos.
Com o objetivo de manter os privilégios e mordomias inaceitáveis para os grandes grupos económicos,
para manter os lucros da banca à custa do Estado, para manter os juros agiotas do FMI, para concentrar cada
vez mais riqueza em meia dúzia de grupos económicos, este Governo PSD/CDS desfere sucessivos cortes e
ataques aos trabalhadores e reformados.
Depois de dois Orçamentos do Estado declarados inconstitucionais, o Governo insiste na asneira e no
caminho do ataque aos trabalhadores e reformados.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Recentemente, anunciou a alteração, para pior, das regras de
aposentação de todos os trabalhadores, com o agravamento do fator de sustentabilidade, o ataque aos
salários e o aumento do horário de trabalho na Administração Pública, bem como o despedimento de mais 50
000 dos seus trabalhadores.
Este caminho, da troica nacional e estrangeira, choca com a Constituição de Abril — aquela que não
querem que seja ensinada, porque é ideológica — e choca com a vontade, desejos e aspirações da grande
maioria dos portugueses.
Assim, não é de estranhar que, pela segunda vez, medidas apresentadas por este Governo sejam
declaradas inconstitucionais.
Com esta proposta de lei, o Governo, face à declaração de inconstitucionalidade do roubo do subsídio de
férias aos reformados e trabalhadores da Administração Pública, volta a fazer asneira. Desta vez, não só viola
a Constituição como, deliberadamente, não cumpre a decisão do Tribunal Constitucional.
Face à decisão do Tribunal Constitucional, que declara inconstitucional a suspensão do subsídio de férias,
os trabalhadores, os reformados e pensionistas esperariam que se aplicasse o regime vigente e fosse pago o
subsídio de férias já nos meses de junho ou julho.
O Governo não o faz e lança a confusão entre os trabalhadores da Administração Pública e os reformados.
Com esta proposta de lei, o subsídio de Natal, que estava a ser pago em duodécimos e devorado por
impostos, passa a ser o subsídio de férias e o subsídio de Natal passa a ser pago em novembro.
Ao adiar-se o pagamento de um dos subsídios, além de desrespeitar a decisão do Tribunal Constitucional,
podemos estar face a uma vigarice que visa ganhar tempo para encontrar uma forma de não pagar o subsídio
de férias. Veja-se a intenção, recentemente anunciada, de reduzir em 4% os salários dos trabalhadores da
Administração Pública e de proceder a cortes retroativos nas reformas.
O Governo PSD/CDS-PP pode, assim, querer estar a meter pela janela a inconstitucionalidade cuja porta o
Tribunal Constitucional fechou.
Não satisfeito, o Governo lança ainda mais confusão. Os trabalhadores e reformados com rendimentos
inferiores a 600 € recebem a totalidade do subsídio de Natal no mês de junho ou julho e os trabalhadores e
reformados, cujo rendimentos sejam iguais ou superiores a 600 € mas inferiores a 1100 €, recebem nos meses
de junho e julho uma parte do subsídio de Natal, calculado com base numa fórmula, e o resto do subsídio de
Natal no mês de novembro.
Isto é uma tremenda confusão, uma injustiça e mais uma inconstitucionalidade, porque, com este diploma,
o Governo está a criar portugueses de primeira, de segunda e de terceira categorias, em função do seu
escalão de rendimentos.