I SÉRIE — NÚMERO 92
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O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Só falta citar Pires de Lima!
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Secretário de Estado da Administração Pública.
O Sr. Secretário de Estado da Administração Pública: — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, gostava de
dizer muito claramente que o Governo dá, com esta proposta de lei, resposta e cumpre integralmente a
decisão do Tribunal Constitucional.
A decisão do Tribunal Constitucional determina que o Governo deve repor o subsídio…
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — É verdade! O Tribunal Constitucional não mandou cortar em nada!
O Sr. Secretário de Estado da Administração Pública: — … e a presente proposta de lei tem em vista
garantir as condições operacionais e orçamentais que permitam que esse subsídio seja reposto.
Respondendo muito abertamente e de forma clara ao Sr. Deputado João Galamba, quero dizer que o
Governo pagará integralmente os subsídios a todos os funcionários públicos, a todos os pensionistas e
reformados sem ter em vista a aplicação de qualquer outra medida que vise subtrair qualquer parte desse
rendimento aos seus destinatários. Tanto assim é que grande parte dos beneficiários recebe já em junho e em
julho esse subsídio, porque até 600 € o subsídio era mantido e será assegurado.
A razão pela qual o Governo optou por esta solução prende-se, sobretudo, com razões de natureza
orçamental, porquanto o Orçamento retificativo ainda não foi aprovado e, portanto, os organismos e serviços
da Administração Pública não têm ainda dotação orçamental prevista para assegurar o pagamento e também
— essa é a maior das razões — para assegurar a estabilidade de rendimentos dos agregados familiares ao
longo do ano. Ou seja, com a reposição do subsídio, os trabalhadores da Administração Pública, os
pensionistas e os reformados teriam de passar para as tabelas gerais de IRS, o que significaria que
mensalmente teriam uma redução de rendimento.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Alterem a tabela de retenção!
O Sr. Secretário de Estado da Administração Pública: — Com esta solução, o Governo garante a
estabilidade dos rendimentos ao longo do ano pagando o subsídio em novembro ou em dezembro, e é nessa
altura que fará os acertos fiscais.
Esta é uma solução que, do ponto de vista operacional, dá segurança a que os sistemas operacionais da
Administração Pública, da Segurança Social e da CGA (Caixa Geral de Aposentações) possam
operacionalizar a reposição do subsídio, dá segurança aos rendimentos dos agregados familiares, dos
pensionistas e dos reformados e, naturalmente, ultrapassa a dificuldade orçamental que existe, na medida em
que não há Orçamento aprovado que permita que os valores possam ser pagos nos meses em que
habitualmente são pagos.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — A próxima intervenção é do PSD.
Tem a palavra o Sr. Deputado Cristóvão Crespo.
O Sr. Cristóvão Crespo (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro, Sr.ª e Sr. Secretários de Estado, Sr.as
e
Srs. Deputados: A proposta de lei que estamos a discutir é matéria sensível e, como tal, ótimo veículo para
muita demagogia e tentativa de aproveitamento político por parte dos partidos da oposição, quando devia ser
apreciada à luz do contexto e da realidade em que se insere.
O Governo, tal como sempre afirmou, cumpre escrupulosa e democraticamente as decisões de todos os
órgãos de soberania, neste caso particular, do Tribunal Constitucional.