23 DE MAIO DE 2013
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Criam-se molduras apertadas para o seu cumprimento, para que este mesmo trabalho que se visa criar e
estimular seja mais digno e mais edificante, a bem do bem-estar dos trabalhadores e da sua dignidade.
Aplausos do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Esta proposta de lei, com o argumento
de que se trata da simples aplicação da Diretiva Bolkstein às empresas de trabalho temporário, o que
pretende, de facto, é que uma empresa de trabalho temporário seja simultaneamente prestadora de um
serviço e colocadora de trabalhadores.
O Governo PSD/CDS pretende dar cobertura legal ao monopólio do emprego precário e da subcontratação
de mão-de-obra.
O recuso ilegal à precariedade, através da subcontratação de empresas de trabalho temporário que dão
resposta a necessidades permanentes, já marca o dia-a-dia de milhares de trabalhadores no nosso país, em
diversos setores de atividade.
Ao acabar com aincompatibilidade do exercício da atividade das agências privadas de colocação e a
atividade das agências de trabalho temporário, o Governo PSD/CDS permite que uma empresa possa ser
simultaneamente angariadora e colocadora de emprego precário e sem direitos.
Da leitura que fazemos, esta proposta tem um prejuízo sério para os trabalhadores e para os seus direitos
laborais.
Para além disto, até agora, as agências privadas de colocação de candidatos a emprego estavam
obrigadas a criar uma caução destinada a garantir a responsabilidade da agência pelo repatriamento do
candidato ao emprego colocado no estrangeiro, em caso de incumprimento do contrato de trabalho. Agora, o
Governo quer que esta caução passe a ser apenas facultativa.
Esta alteração é da maior gravidade, não salvaguardando, minimamente, situações em que os
trabalhadores portugueses colocados no estrangeiro sem meios de subsistência e sem recursos para
regressar ao seu país possam ter, efetivamente, esta saída.
Até agora, a agência de colocação tinha o dever de informar o trabalhador por escrito sobre os seus
direitos e condições de trabalho. Com esta proposta, estas informações deixam de ter que ser fornecidas por
escrito, com sério prejuízo para o trabalhador que deixa de ter uma prova material das informações que foram
prestadas.
Esta proposta de lei, no essencial, visa reforçar o papel de domínio absoluto das empresas de trabalho
temporário na colocação, gestão e prestação de trabalho. Na prática, esta proposta cria condições de
monopólio do emprego precário, fragilizando as relações laborais com claro prejuízo para os trabalhadores e
de reforço do poder das empresas de trabalho temporário.
Para o PCP, não é possível combater o desemprego sem combater a precariedade. A precariedade é a
antecâmara do desemprego e, por isso, continuaremos a exigir que a um posto de trabalho permanente
corresponda um vínculo efetivo.
É inaceitável que o Governo promova diretamente a fragilização dos trabalhadores e dos seus direitos,
criando situações inaceitáveis de agravamento da exploração para reforçar o poder das multinacionais do
trabalho temporário e dos grupos económicos e financeiros.
Esta é mais uma medida de confronto com a Constituição e o emprego com direitos, e, por isso, mais uma
razão a juntar a tantas outras para derrotar este Governo e esta política, pelos valores de Abril no presente e
no futuro de Portugal.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Mário Ruivo.
O Sr. Mário Ruivo (PS): — Sr.a Presidente, Srs. Secretários de Estado, Sr.
as e Srs. Deputados: Através da
proposta de lei n.º 134/XII, vem o Governo propor um conjunto de alterações substanciais ao regime jurídico