25 DE MAIO DE 2013
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Depois, o Sr. Deputado insiste na questão da dívida pública. Sr. Deputado, creio que lhe expliquei, até com
bastante detalhe, que o rácio de dívida pública está nos termos em que é esperado estar.
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Não está nada!
O Sr. Primeiro-Ministro: — É assim com Portugal e é assim com a Irlanda, que é um País que tem
exatamente a mesma trajetória que Portugal em matéria de rácio de dívida pública e que não é tido por ser
menos bem-sucedido do que nós! É exatamente na mesma, Sr. Deputado!
Temos hoje, já lhe expliquei, buffers que são importantes para fazer o pré-financiamento de 2014 e é isso
que está nesta altura, juntamente com a diminuição nominal do PIB, a ocasionar esta situação.
Mas, Sr. Deputado, não vale a pena andar às voltas: estamos abaixo da meta que ficou contratada para a
execução orçamental, e isso é positivo; estamos dentro dos padrões que eram necessários para a dívida
pública, e isso é positivo.
Porém, Sr. Deputado, como é possível que o Sr. Deputado me acuse, agora, de propaganda e venha dizer
que, no fundo, o que o Governo faz é pouco, quando julgo que estamos justamente a fazer uma parte
daquelas políticas que tem defendido, na parte em que não há despesismo público, porque na parte em que
têm despesismo público os esforços de consolidação orçamental não nos permitem fazê-las, embora ao Sr.
Deputado continue a dizer que a estratégia para as finanças públicas portuguesas é de mais despesa pública.
Não é, Sr. Deputado! Aí, não estamos de acordo e o senhor não está de acordo com os seus colegas
socialista que escreveram o artigo que referi.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado António José Seguro.
O Sr. António José Seguro (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, de facto, não vale a pena
«tapar o sol com a peneira»: em matéria de défice orçamental, há uma derrapagem, como os números
comprovam, e a dívida pública não tem cessado de aumentar. Isso são as consequências da sua política.
Aliás, o que é extremamente curioso é que o Primeiro-Ministro venha a esta Câmara e diga «descontado o
efeito na economia e o efeito no desemprego, estamos a cumprir». Pois bem, as principais preocupações do
Primeiro-Ministro deveriam ser com a economia e com o emprego, mas essas não são as suas principais
preocupações.
Aplausos do PS.
Sempre defendemos que precisamos de medidas que estimulem a nossa economia e promovam o
emprego. A medida que ontem foi anunciada vem apenas, de alguma forma, «colocar uma peninha no
chapéu» da sua política de austeridade.
O que o País precisa é de um acordo de concertação social que tenha em conta uma verdadeira política de
rendimentos, permita a dinamização da nossa procura interna, tenha sistemas de incentivos,…
Protestos do PSD.
… tenha um ambiente propício ao investimento, quer através dos fundos comunitários quer através de uma
estabilidade fiscal.
A medida que ontem foi anunciada é uma gota num mar de austeridade, e, aliás, vai ao arrepio daquilo que
defendemos e que, de alguma maneira, contraria aquilo que o senhor sempre disse.
O senhor veio dizer a esta Câmara que o nosso país e as empresas tinham beneficiado de crédito fácil e
que se endividaram junto da banca. O Partido Socialista apresentou várias propostas, designadamente de
recapitalização das empresas, sem ser necessário recorrer aos empréstimos bancários.
Pois bem, a proposta que o senhor apresenta é levar as nossas empresas a recorrerem a mais
empréstimos bancários, quando se pudessem ter um crédito fiscal em matéria de suprimentos, de reforço de