30 DE MAIO DE 2013
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Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Ana Drago (BE): — É mentira!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Gostava também de lhe dizer que o Governo
já iniciou, depois da publicação do relatório da OCDE, há duas semanas a sua discussão interna relativamente
ao documento que deverá tornar público quanto a reformas que devam ser feitas no Estado, com o cuidado de
ter em atenção as circunstâncias que o País atravessa, a evolução da conjuntura externa, a necessidade de
fazer negociação social e a oportunidade, que não deve ser perdida, de reformas que são intergeracionais ou
que atravessam diversas legislaturas poderem merecer o consenso possível e, a meu ver, necessário dos
partidos do arco da governabilidade, e esse documento será apresentado no mês de junho.
Queria dizer-lhe também, Sr. Deputado João Semedo, que há uma parcela da sua intervenção que eu
percebo, conhecendo a coerência das suas posições, que não queira citar, mas que, em qualquer caso, é uma
circunstância do País e, nesse sentido, o próprio Bloco de Esquerda não lhe pode escapar, do ponto de vista
do debate político: é que o País não se encontra em circunstâncias externas normais ou correntes. O País,
desde 2011, encontra-se numa situação, que já defini muitas vezes nesta Câmara, de protetorado.
Protestos do Deputado do PS Carlos Zorrinho.
Uma parte da sua soberania financeira e orçamental foi perdida e só será recuperada quando termine de
forma positiva o calendário em que Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão
Europeia mantêm o acordo e o Memorando subscrito pelo Estado português, em 2011.
Nós não estamos a viver, Sr. Deputado João Semedo, circunstâncias normais. Uma parte do que disse
seria inteiramente discutível se estivéssemos a viver em circunstâncias normais. Sucede que o País ficou à
beira da bancarrota. Ficar à beira da bancarrota significa não ter dinheiro para pagar salários nem para pagar
pensões, que o Governo da época, com o conforto dos partidos da oposição da época, assinou um acordo
externo que nos vincula a obrigações e que o cumprimento dessas obrigações é condicionante de podermos
dispor das tranches financeiras para podermos viver, porque ainda não podemos viver independente ou
autonomamente.
É por isso, Sr. Deputado, que entre nós há uma diferença fundamental: o meu objetivo essencial é que uma
legislatura que começa com a troica em Portugal termine sem a troica em Portugal e com a recuperação da
nossa independência…
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
… e que o País aprenda com os seus próprios erros e procure, do ponto de vista dos agregados essenciais
que nos levam a um défice ainda excessivo, encontrar administrações públicas que, por serem menos
pesadas, não signifiquem um Estado menos forte, por serem menos complicadas, permitam aos portugueses
ter um Estado menos burocrático e, por terem um custo inferior ao que tinham, permitam aos portugueses ter
uma carga fiscal inferior àquela que pagam.
São questões, para nós, determinantes.
Percebo que há, entre nós, uma divergência porque o Bloco de Esquerda tem a posição de «não falar com
eles», «não pagar»…
O Sr. João Semedo (BE): — Não é essa a posição do Bloco de Esquerda!
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — … «não cumprir», só que, depois, não explica
como é que ficamos no euro.
O Sr. João Semedo (BE): — Não é verdade!