I SÉRIE — NÚMERO 95
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O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Esta reforma já tem vindo a ser
feita em algumas áreas. Podemos identificá-las: na justiça, na sustentabilidade da segurança social, no
mercado laboral, no setor da concorrência. E tem vindo a ser feita, mas vai ser sistematizada, muito em breve,
num documento que vai ser fundamental para o caminho que queremos prosseguir.
Mas esta reforma tem vindo a ser feita num momento de grandes dificuldades, porventura nas piores
condições possíveis. Porquê? Porque o País está, efetivamente, sob protetorado, com exigências financeiras
externas muito apertadas, mas também porque a economia europeia e a economia portuguesa vivem um
momento de grande recessão.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Muito bem!
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Mas reformar é algo de essencial e está previsto quer no Tratado
Orçamental quer na Lei de Enquadramento Orçamental, o que nos obriga a todos e, especialmente, àqueles
que lhe deram o voto favorável, nomeadamente os partidos da maioria e o Partido Socialista. E aí devemos
dizer que este debate deve ocorrer de uma forma ampla com a sociedade, com todos os parceiros sociais,
com todos os partidos políticos e, nomeadamente, não se devem imiscuir os partidos do arco da governação.
E aqui faço um apelo concreto ao Partido Socialista.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Do arco da desgovernação!
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Esta reforma deve ocorrer fora de qualquer agenda ideológica, fora de
populismos e de demagogias, fora de imobilismos. O PS deve estar disponível para este debate para
estabelecer as pontes que forem necessárias para que os portugueses compreendam a estabilidade das
reformas que vamos todos empreender.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Muito bem!
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Srs. Deputado, só isto é coerente com o voto favorável que os senhores
deram quer à Lei de Enquadramento Orçamental quer ao Tratado Orçamental.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Bem lembrado!
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Assim, Sr.ª Presidente, termino, fazendo um apelo ao Sr. Ministro para
que o Governo mantenha a abertura negocial com os parceiro sociais e com os partidos políticos, para que o
Governo mantenha o combate permanente, na esfera europeia, na defesa dos interesses nacionais, para que
o Governo mantenha a persistência reformista que tem demonstrado para que seja construído um futuro
diferente e melhor para Portugal.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — A próxima intervenção é do PS.
Sr. Deputado António Braga, faça favor.
O Sr. António Braga (PS): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: Estamos hoje
com este debate, por iniciativa do Bloco de Esquerda, centrados outra vez na ideia de introduzir reformas no
Estado.
Há um conceito prévio a que o Governo aderiu que não acompanhamos: não há, Sr. Ministro, «a» reforma
do Estado; há reformas nos diferentes serviços do Estado, se quiser, para não invadir a sua ideologia ou a
ideologia do Governo, que tem um défice relativamente ao olhar com que põe sobre o Estado social as suas
ideias e as suas iniciativas.
Mas, Sr. Ministro, queria dizer-lhe que o Partido Socialista, em novembro do ano passado, apresentou, no
contexto da Assembleia da República, uma proposta, proposta, essa, que foi recusada pela maioria. E o que