1 DE JUNHO DE 2013
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A panóplia de comunicados, circulares, esclarecimentos, publicados no sítio da Autoridade Tributária,
procurando criar interpretações legais como resposta às inconsistências, incoerências e lacunas do próprio
regime, vieram confirmar a dimensão de um problema que não está ainda resolvido, daí que seja
indispensável uma resposta sistematizada, transparente e abrangente.
Entretanto, no que concerne à comunicação prévia dos documentos de transporte, o Governo criou um
sistema que se tem revelado um emaranhado de burocracia, verdadeiro entrave à circulação das mercadorias,
ao invés da agilização de processos que se devia ter garantido.
Por outro lado, quando o Governo tanto fala em apoio fiscal ao investimento, é preciso que fique claro que
medidas são tomadas quanto ao benefício fiscal do investimento dos empresários em novos equipamentos de
faturação, software nesta área, etc.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Esta é uma das propostas que apresentamos e que tem toda a razão de ser.
Entretanto, persistem dúvidas e preocupações sobre o procedimento de envio das faturas eletrónicas para
a administração fiscal. É que na prática passa a haver uma base de dados sobre a atividade dos micro e
pequenos empresários, sobre as transações que fazem e com quem, a que preços, com que margem de
comercialização bruta, etc., etc.
Em que situações concretas, e por quem, esta informação poderá ser utilizada? Com que consequências?
Estas questões não estão ultrapassadas e continua a não haver garantias seguras nesta matéria.
São situações que têm de merecer ponderação e resposta concreta. É que a receita fiscal imediata, que o
Governo invoca e festeja, pode traduzir-se, pelas piores razões, «em sol de pouca dura» por significar o
esmagamento de muitas micro, pequenas e médias empresas que fecham as suas portas, como está a
acontecer.
Por isso mesmo, propomos estas medidas, para que haja novas e melhores soluções. É que, para novos e
mais graves problemas, já bastam os que existem!
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para apresentar o projeto de resolução do BE, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana
Drago.
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: A crise que o setor das micro, pequenas
e médias empresas atravessa é, provavelmente, um dos debates centrais na economia do País.
Todos sabemos que a redução do rendimento das famílias, a crise social que atravessa o País e a redução
do consumo interno estão a ter um particular efeito catastrófico no âmbito das micro, pequenas e médias
empresas. Ora, isto é particularmente importante para o futuro porque está tudo ligado e, portanto, todo o
emprego que as micro, pequenas e médias empresas geram e sustentam no País está em risco.
Temos discutido com o Governo, sucessivas vezes, as questões do apoio, encontrando pela frente uma
«parede de cimento» que nada ouve e nada quer fazer. Num contexto de tantas falências e tantas
dificuldades, o Governo não só não resolve os problemas que existem hoje neste setor de atividade como vai
inventando novos problemas, novas dificuldades e novos obstáculos.
Ora, para um Governo que disse que a sua prioridade no, âmbito da iniciativa empresarial, era remover
obstáculos e diminuir a burocracia, as novas regras da faturação e da comunicação de transporte são um
processo quase kafkiano.
As dificuldades que ocorreram, no início deste ano, com a aquisição de novos equipamentos, novas regras,
que criaram tantas dificuldades e que levaram ao fecho de tantas micro e pequenas empresas, hoje nem
sequer são bem percebidas por associações comerciais, por técnicos oficiais de contas, e há mesmo quem
especule se este mecanismo de transporte das comunicações inclui, por exemplo, que um determinado
delegado de uma empresa, quando leva um conjunto de amostras de mercadorias e de produtos, tem de fazer
essa comunicação à Autoridade Tributária.