I SÉRIE — NÚMERO 99
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desta greve». Até parecia que havia aqui alguma alegria em haver esta felicidade! E falou muitas vezes em os
professores serem encostados à parede por este Governo.
Sr. Deputado, quem está encostado aos livros sem saber se têm exame ou não são os estudantes, que
durante um ano estudaram e foram preparados pelos professores. É com eles que devíamos estar
preocupados!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Protestos da Deputada do PCP Rita Rato.
Depois, fala de má-fé. Sr. Deputado, má-fé é marcar uma greve para um dia de exames quando ainda nem
sequer se sabe o que é que o Governo vai propor. Isto é que é má-fé!
Sobre essa matéria, devo dizer-lhe que ainda ontem, na Comissão de Educação, Ciência e Cultura, onde o
Sr. Ministro esteve presente, vários mitos foram desmontados sobre as razões que dão origem a esta greve, a
qual foi marcada antes de se conhecerem as propostas. Quem é o professor que não trabalha já 40 horas por
semana, sejam letivas ou não? Ninguém falou em aumento da carga letiva! Só quem não conhece a realidade
da educação é que pode dizer isso. Perguntem aos professores, tenham 15 ou 20 horas, quem é que trabalha
menos de 40 horas, seja em casa ou na escola. Isso não me parece nada justo.
A verdade é que ainda não tivemos aqui oportunidade de ouvir o Partido Socialista sobre esta questão. O
Sr. Deputado falou aqui várias vezes de bom senso nesta matéria, de apelar ao bom senso nos cortes.
O Sr. José Junqueiro (PS): — O Sr. Ministro é que falou em bom senso!
O Sr. Duarte Filipe Marques (PSD): — Sr. Deputado, se tivesse havido bom senso nos gastos, por
exemplo na Parque Escolar, não tínhamos de estar preocupados com os cortes.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Protestos da Deputada do PCP Rita Rato.
Não vou deixar esquecer essa dívida, havendo escolas por acabar, escolas que ainda funcionam em
pavilhões, e as empresas que faliram à custa disso.
Deixo a minha pergunta final para o Partido Socialista. Gostava de saber se, afinal, mantêm a palavra dada
pelo seu líder parlamentar, que num momento de elevada honra, que admiro, respondendo ao desafio do líder
parlamentar do CDS em plena televisão, apelou ao bom senso dos partidos, dos sindicatos e também do
Governo para não ser feita greve num dia de exames nacionais. Ainda vamos a tempo de seguir a missão e a
indicação desse líder parlamentar.
O Governo já teve bom senso nos últimos dias ao esclarecer essas questões, tal como o fez ontem;
apenas falta bom senso ao Partido Socialista para publicamente concordar com a greve, sim, mas não com
uma greve no dia dos exames. Não admitimos que os alunos sejam usados como escudos humanos num
combate que é dos sindicatos e dos professores, que muito respeitamos. Não se pode mandar para o lixo um
ano inteiro de estudo, de sacrifício e de empenho e que no dia dos exames os alunos sejam impedidos de os
fazer.
Peço, por favor, para seguirem o exemplo do líder parlamentar do Partido Socialista, o Dr. Carlos Zorrinho.
Sigam o seu apelo para que não se faça greve no dia dos exames. Isso, sim, é defender a escola pública.
Defender a escola pública não é apenas uma parangona de jornal, é permitir que os estudantes façam o
exame no dia que está marcado e que tenham sucesso no final desse dia.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem a palavra o Sr. Deputado Luís Fazenda para responder.