7 DE JUNHO DE 2013
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Sr. Deputado, esta é a natureza da política do Governo que o senhor apoia, e nem é por desconhecimento,
porque o Sr. Deputado sabe bem o que faz de cada vez que aqui vota um Orçamento do Estado, de cada vez
que vota uma medida do Governo! O senhor sabe bem o que está a fazer e sabe bem que, com as medidas
que aqui decide e com as medidas que aqui aprova, está a prejudicar a imensa maioria do povo português
para beneficiar meia dúzia de interesses económicos.
O Sr. Deputado há de dizer-me como é que é possível que um Governo que tem a coragem de dizer a 30
000 funcionários públicos que vão «para o olho da rua», que vão ser despedidos, não tem a coragem para
dizer o mesmo aos administradores que estão envolvidos nos contratos swap, e não tem sequer coragem de
promover a responsabilização daqueles administradores por aquilo que fizeram.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Não responde a uma pergunta!
O Sr. João Oliveira (PCP): — É que, mesmo assim, o despedimento é um presente que os senhores lhes
ofereciam, pois eles têm é de ser julgados e responsabilizados por aquilo que fizeram.
Sr. Deputados, estamos a falar de contratos que significam um terço do défice do Orçamento do Estado.
Amanhã, sexta-feira, o Sr. Deputado vai votar nesta Assembleia um Orçamento retificativo que prevê 8,9 mil
milhões de euros de défice e estes contratos significam 3000 milhões, um terço do défice do Orçamento do
Estado. Pergunto, Sr. Deputado, se o fica bem com a sua consciência e, sobretudo, se acha que fica bem
junto dos portugueses por manter contratos desta natureza, que arruínam o País,…
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Não seja demagogo!
O Sr. João Oliveira (PCP): — … que arruínam a economia nacional, que arruínam as condições de vida
das pessoas, porque, à boleia destes contratos, é isso que os senhores estão a fazer.
Os senhores estão a conduzir o País para uma situação ingovernável, do ponto de vista económico e
social.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Sr. Deputado, queira concluir.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Vou concluir, Sr.ª Presidente.
Este ponto de ingovernabilidade económica e social só pode ter uma resposta política, e essa é a demissão
do Governo, é a dissolução da Assembleia e é a convocação de eleições. É por isso que o PCP se vai
continuar a bater.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem a palavra, para uma declaração política, o Sr. Deputado Luís
Fazenda.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
Deputadas, Srs. Deputados: O País tem vindo a ser
sobressaltado, nos últimos dias, felizmente, pelo anúncio de uma greve geral dos professores.
Esta greve geral é um desassossego cívico, porque nos interpela a todos e a todas, traz questões
essenciais sobre a nossa vida social e sobre o respeito pelos direitos democráticos. A greve geral dos
professores, anunciada e em debate, neste momento em negociação com o Governo, interpela-nos sobre
aspetos essenciais.
O Governo PSD/CDS, ao longo dos dois últimos anos, fez um corte orçamental superior a 1500 milhões de
euros na área da educação, um corte orçamental extremamente significativo naquilo que se poderia interpretar
como sendo os custos intermédios, as gorduras excessivas do Estado, de que falavam PSD e CDS quando
eram partidos da oposição. Foi um corte severíssimo e preparam-se para cortes ainda maiores. Mas estes
foram ganhos à custa de quê, Sr.as
e Srs. Deputados? Ganhos à custa da dispensa de professores. Entre
professores contratados que foram dispensados e professores que foram pressionados para a aposentação,
são menos 50 000 no sistema educativo. E o que se prepara o Governo para fazer agora? À luz das leis