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7 DE JUNHO DE 2013

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produto, em termos orçamentais, o que não nos pode prestigiar de modo algum. Só nos envergonha o facto de

estarmos cada vez mais com menor investimento na educação, com menor capacidade de transformação de

uma qualidade estratégica que eram os ganhos educativos geracionais que tinham sido alcançados e que

podem transportar-nos, isso sim, para um devir diferente, para condições de estruturação de uma sociedade

que possa ser, ela sim, cidadã e competitiva, moderna, europeia e mais universal.

Voltámos à escola da naftalina, do antigamente, do corte salarial, do corte orçamental e da antagonização

dos professores e é contra essa circunstância que hoje aqui deixamos a nossa contestação, a nossa oposição

e a nossa vontade de contribuir com todos e com todas para uma alternativa cívica, alertando para que o

protesto dos professores não é corporativo. Ele é um protesto social e verdadeiro e intrinsecamente

constitucional.

Aplausos do BE.

A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Srs. Deputados, a Mesa regista um pedido de esclarecimento por

parte do PCP.

Pausa.

Srs. Deputados relembro que as inscrições para pedidos de esclarecimento devem ocorrer enquanto o

orador está a fazer a sua declaração política. Porém, havendo consenso para que a Mesa aceite inscrições

agora, vamos fazê-lo.

Assim, inscreveram-se, para pedirem esclarecimentos, os Srs. Deputados Rita Rato, do PCP, Acácio Pinto,

do PS, Duarte Filipe Marques, do PSD.

Tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato.

A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Luís Fazenda, pela importância da matéria que

aqui trouxe, queria colocar-lhe desde já a seguinte questão: percebe-se ou não que este Governo é já

responsável pelo maior despedimento coletivo de sempre entre os professores?

Neste ano letivo, mais de 15 000 professores contratados foram atirados para o desemprego quando tanta

falta faziam nas escolas e quando as escolas tanto reclamam pelo seu papel.

Este Governo desencadeou um conjunto de medidas de ataque à escola pública e ao seu papel, com o

aumento de alunos por turma, com a reorganização curricular, com a constituição de mega-agrupamentos, que

tinha como único objetivo o despedimento de milhares e milhares de professores e a negação do papel da

escola pública na garantia da igualdade de oportunidades e da importância da escola pública como

instrumento de emancipação individual e coletiva de um país.

Este Governo é já responsável por isso mas acha pouco e, assim, quando o País vive os piores números

do desemprego desde que vivemos em democracia, coloca em cima da mesa a necessidade de ir mais longe

no desemprego e quer atirar para este flagelo milhares de trabalhadores da Administração Pública. É por isso

que entendemos que o que está em causa é inaceitável.

É inaceitável, desde logo, porque o problema é que as escolas têm meios a menos para o papel que têm.

São precisos mais técnicos nas escolas, mais funcionários, mais psicólogos, mais professores porque a escola

pública não tem financiamento a mais. O capital financeiro, a banca privada, essa sim, tem sido financiada

com o pacto da troica, que só trouxe cortes e mais dificuldades à escola pública. Por isso é que entendemos

da maior importância a luta que os trabalhadores e profissionais da escola pública, designadamente os

professores, estão a travar.

Este Governo, de forma inaceitável e contra os professores e suas entidades representativas, anunciou à

comunicação social um despacho de organização do próximo ano letivo onde aumenta o número de alunos e

de turmas aos diretores de turma e onde, de forma administrativa, pretende atirar para o desemprego — e isto

sem contar com o aumento do horário de trabalho — mais de 3000 docentes. Isto é inaceitável e mostra bem a

natureza antidemocrática deste Governo, que recusa negociar com as entidades representativas dos

trabalhadores.