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I SÉRIE — NÚMERO 99

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De facto, se me pergunta se o País e esta maioria precisavam de um Partido Socialista que estivesse ao

seu lado, ao lado do País, das suas preocupações, das suas necessidades, dos seus objetivos, dir-lhe-ei que

é evidente que sim, que esperávamos isso de um partido tão importante como é o Partido Socialista. Mas tal

tem sido difícil.

Mesmo por estes dias se nota essa dificuldade. O Partido Socialista foi recebido pelo Governo há 15 dias e

transmitiu ao Governo que estava disposto a dialogar em sede parlamentar.

O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Bem lembrado!

O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Mas, 15 dias depois, promoveu reuniões com os partidos políticos e com

os parceiros sociais e disse: «Estamos disponíveis para dialogar fora do Parlamento». Só não estão mesmo

disponíveis para dialogar com o Governo.

Ora, do maior partido da oposição, com as responsabilidades que tem, e que o Sr. Deputado bem

evidenciou, que têm a ver com todo o caminho que nos levou à pré-bancarrota e ao pedido de assistência

financeira, e também com a responsabilidade que resulta do facto de os eleitores lhe terem confiado ser o

maior partido da oposição e, portanto, por natureza, aquele que deve ser o partido alternativo pelo acumular

dessas responsabilidades, é evidente que se esperava muito mais.

O Partido Socialista aparece hoje aos olhos dos portugueses apenas e só concentrado e a pensar em si

próprio. Fizeram a sua reflexão interna, compuseram os seus órgãos nacionais e vai daí, face a alguma

insatisfação que a sociedade portuguesa demonstra com o caminho de dificuldade e de exigência que temos

percorrido, terão pensado «já é novamente a nossa vez, o País já se esqueceu da nossa responsabilidade e

estamos prontos para governar» como quem diz «com pressa de recuperar o poder e poder de novo destruir o

esforço que foi feito».

Sr. Deputado, este raciocínio, a meu ver, é muito limitado, porque, tal como em muitas propostas do Partido

Socialista há a ideia da facilidade, também me parece muito fácil pensar que esta insatisfação seria canalizada

para um apoio ao Partido Socialista. Não é isso que sinto na rua e não é isso que sinto na sociedade

portuguesa.

A sociedade portuguesa está, com naturalidade, a viver um período de grande dificuldade e, por isso

mesmo, tem a tendência de manifestar a sua posição, nomeadamente as pessoas que são afetadas com as

medidas importantes que o Governo está a adotar. Mas os portugueses são inteligentes e não vão querer

desperdiçar o esforço que, eles próprios, estão a promover. Sabemos que não é fácil a quem tinha uma

determinada perspetiva, perdê-la, porque o Estado não tem dinheiro para garantir essa perspetiva.

A Sr. ª Presidente: — Queria terminar, Sr. Deputado.

O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Terminarei, Sr.ª Presidente.

A reflexão mais profunda que os portugueses farão é a seguinte: será que voltarmos ao caminho da ilusão,

ao caminho da dívida, ao caminho do défice, ao caminho do esbanjar de recursos públicos, que nos obrigou

agora a este esforço, não significará, no futuro, termos de fazer um esforço ainda superior, redobrado, para

recuperarmos de uma tal tragédia? Penso que esta reflexão vai levar os portugueses — e tem levado, de resto

— que o caminho é difícil, mas vale a pena percorrê-lo para termos um futuro melhor.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

A Sr.ª Presidente: — A próxima declaração política é do PS.

Para o efeito, tem a palavra o Sr. Deputado José Junqueiro.

O Sr. José Junqueiro (PS): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Portugal vive o mais contrastante período

político em que um governo alguma vez se distanciou tanto quer do seu programa quer dos cidadãos do seu

próprio País.