I SÉRIE — NÚMERO 99
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A questão deste Orçamento retificativo e a do rumo que o Governo segue, de facto, vai conduzir-nos a uma
maior recessão. Não podia existir pior perspetiva do que a de termos o Conselho Económico e Social, o
Conselho de Finanças Públicas, a UTAO, a OCDE, o INE, todas as entidades e organismos a dizerem que
aquilo que o Governo propõe não resulta.
Mas mais grave ainda é que não dizem isso hoje mas repetidamente desde há dois anos e o que
verificamos é que, durante estes dois anos, tem acontecido exatamente aquilo que todos nós sabemos: um
falhanço rotundo, permanente, do Governo em todas as metas. Isto é muito claro!
Quando o Sr. Deputado Luís Montenegro veio aqui fazer a apologia do Governo, veio desconsiderar todas
aquelas famílias, todas aquelas empresas, todos aqueles que estão desempregados e que são vítimas de uma
crise profunda, que, aliás, só existe porque existe uma obsessão intelectual do Ministro das Finanças que não
o deixa passar para além da austeridade sobre austeridade.
Aplausos do PS.
Nós propusemos, Sr. Deputado, muitas medidas, nomeadamente o apoio direto às pequenas e médias
empresas, dissemos quais eram as fontes de financiamento, temos exaustivamente mencionado essas
medidas e apresentámos, aliás, nesta Assembleia da República, 357 propostas de alteração a muitos dos
diplomas que aqui foram apresentados.
Vozes do PSD: — Oh!
O Sr. José Junqueiro (PS): — Nós quisemos, inclusivamente, que o salário mínimo fosse atualizado. De
facto, os parceiros sociais estavam de acordo — trabalhadores e patrões — e os partidos da oposição
também, mas o salário mínimo não foi atualizado por oposição da maioria que temos atualmente.
Com o IVA da restauração aconteceu exatamente a mesma coisa, ou seja, houve um largo consenso
nacional sobre esta matéria e apenas a obsessão intelectual doentia do Governo e do Ministro das Finanças
impede uma mudança de rumo.
Por último, gostaria de lhe dizer também que, relativamente àquilo que foi o Memorando alterado sete
vezes, somos muito claros: tem de haver renegociação nos prazos, na maturidade, no processo de solução
daquilo que temos de enfrentar.
Por isso, Sr. Deputado, terá muitas opções no futuro: ou, de facto, apoiar esta alternativa ou,
eventualmente, tolerar o discurso da direita que nos tem conduzido a este movimento de recessão e de
desemprego.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Para uma pergunta, pelo PSD, tem a palavra a Sr.ª Deputada Nilza de Sena.
A Sr.ª Nilza de Sena (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado José Junqueiro, permita-me que comece com
um aforismo popular: «a chuva bate no pelo do lobo, mas não lhe tira a pele», ou seja, os senhores podem
aparecer aqui com declarações políticas vestindo uma pele de cordeiro, mas ainda ninguém esqueceu o dia 6
de abril de 2011.
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Nilza de Sena (PSD): — Queria dizer-lhe, Sr. Deputado, que o Partido Socialista terminou hoje uma
ronda protocolar de visita aos diversos partidos políticos que mais não foi do que um «número» de retórica, do
que um floreado mediático, do que um «número» para as televisões e para os jornais. Foi uma ronda vazia, de
conteúdo zero, de substância zero, de memória e de realismo nenhuns.
O PS fez hoje aqui uma declaração política que não vou qualificar, porque não vou descer ao nível que o
Sr. Deputado utilizou nessa sua declaração.