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I SÉRIE — NÚMERO 99

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O Sr. José Junqueiro (PS): — O Governo não pode ignorar que a crise que vivemos tão intensamente

existe mesmo e não pode ser disfarçada. Durante meses anunciou que a receita do IMI, por exemplo,

relativamente a 2012, seria agora 30% superior. Afinal, o que se pode verificar é que, na primeira prestação de

abril, esta receita ficou também aquém, muito aquém, baixou 2,7%, segundo a própria Associação Nacional

dos Municípios Portugueses.

Lembramo-nos muito bem da campanha, absolutamente dolosa, do Primeiro-Ministro para chegar ao

poder, das promessas com que ontem as televisões refrescaram as nossas memórias: não, por exemplo, ao

corte de subsídios, não ao corte de reformas, não ao despedimento na função pública. Um «não» que acabou

por ser um «sim» a tudo, uma mentira copiosamente repetida.

Aplausos do PS.

A crise política teve origem no próprio Governo, na própria maioria.

Desde setembro de 2012, quando a TSU fez o povo sair à rua, que nada voltou a ser igual. Passos Coelho

não ouviu ninguém, a começar pelos parceiros sociais. A coligação tremeu, tal como tremeu com a tentativa

de corte nas pensões, e treme todos os dias, não por divergências pontuais, mas pelas insanáveis diferenças

e também porque os dois partidos já estão a tratar do day after e não do pós-troica, como alguém nos quis

fazer crer.

Aplausos do PS.

Quando o Governo já nem os seus ouve, quando o Governo já não quer ouvir o próprio FMI a confessar

«erros grosseiros» de avaliação na «receita» aplicada à Grécia, e não tem um gesto de humildade para

reconhecer que estamos pior hoje, muito pior, do que há dois anos, é porque temos um Primeiro-Ministro a

quem falta grandeza de alma.

Quando o Governo tem um Primeiro-Ministro que, em delírio político, invoca a sua consciência, como algo

que existe e pensa estar de boa saúde, e afirma o seu «(…) muito orgulho no trabalho que estou a fazer (…)»,

temos de dizer que, apesar de tudo, este pesadelo tem solução e que o Primeiro-Ministro ainda poderá ser útil

ao País, se tiver o rasgo de dar o primeiro passo para a sua saída, para a saída voluntária do seu Governo,

em nome do futuro e de uma nova esperança para Portugal.

Aplausos do PS.

A Sr.ª Presidente: — Inscreveram-se, para pedir esclarecimentos, os Srs. Deputados João Oliveira, do

PCP, Nilza de Sena, do PSD, e Hélder Amaral, do CDS-PP, tendo o Sr. Deputado José Junqueiro informado a

Mesa de que pretende responder um a um.

Tem a palavra o Sr. Deputado João Oliveira.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado José Junqueiro, ouvimos com atenção a sua

declaração política e queremos acompanhá-lo na caracterização e na conclusão de que esta política do

Governo é uma política sem futuro, é uma política que não aponta futuro para o País.

Realizando-se, aliás, este debate hoje, na véspera da discussão do Orçamento retificativo, que aponta para

perspetivas de agravamento da recessão, de agravamento do desempego, de agravamento do endividamento

do País — problema que era erigido como o alfa e o ómega da assinatura e da aplicação do pacto da troica e

que, afinal, é hoje um problema mais greve do que era há dois anos —, bem como de novos e agravados

assaltos aos rendimentos e às condições de vida dos portugueses, tal significa, obviamente, o reflexo de uma

política que não pode ter futuro, porque os portugueses não a vão deixar ter futuro.

Este Governo e a sua política acabarão derrotados.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!