7 DE JUNHO DE 2013
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Cerca de 1500 milhões de euros representam a quebra do consumo e cerca de 1250 milhões de euros a
quebra de investimento. No total, a procura interna caiu cerca de 2800 milhões de euros, o emprego recuou
para o nível mais baixo desde que há registo em série — 1995.
A economia portuguesa está em debandada geral.
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Verdade!
O Sr. José Junqueiro (PS): — O PIB caiu 4%, o Orçamento retificativo, que acaba de entrar na
Assembleia da República, precisará de ser retificado — o Conselho Económico e Social acentua a linha de
impossibilidade da sua credível execução. É conhecida a destruição de meio milhão de postos de trabalho, o
aumento dos desempregados também, sendo que, só no primeiro trimestre, conta com mais de 100 000 no
contingente da tragédia social em que vivemos.
É este, em síntese, o balanço de dois anos de Governo.
Aplausos do PS.
Nesta vertigem em que o Governo nos lançou, o Primeiro-Ministro veio dizer, certamente em contexto de
agitação psicológica, o seguinte: «Tenho muito orgulho no trabalho que estou a fazer, com uma equipa de
gente que pôs os interesses do País à frente dos seus próprios interesses».
Vozes do PSD: — É verdade!
O Sr. José Junqueiro (PS): — Ao ouvir Passos Coelho sobre a sua equipa, lembrei-me logo de Eduardo
Catroga, de António Borges, de Nogueira Leite, de Miguel Relvas, entre outras figuras conhecidas pela sua
filantropia, desapego aos bens, um conjunto de homens-bons capazes de aplaudir em pé o banqueiro
Fernando Ulrich quando nos apontou um novo caminho, o de podermos viver «solidariamente» debaixo das
pontes.
Aplausos do PS.
Orgulho do que está a fazer, disse o Primeiro-Ministro? Orgulho da equipa que tem? O Primeiro-Ministro
perdeu o respeito por si próprio, tal como perdeu pelo País, pelas empresas que destruiu, pelos idosos a quem
cortou o complemento solidário, pelos que não têm emprego, pelos que todos os dias entregam as suas casas
ao banco ou pelas famílias obrigadas à separação e que, todos os dias, veem partir os seus numa nova onda
de emigração.
Protesto da Deputada do PSD Conceição Bessa Ruão.
O Primeiro-Ministro não ouve ninguém, Sr.ª Deputada. Está isolado e deixará um País num enorme
laboratório de experiências, cuja dívida aumentou para 127% do PIB, dívida que os portugueses, que sempre
foram honrados e trabalhadores, jamais vão conseguir pagar nas gerações mais próximas.
Aplausos do PS.
Foi neste contexto de degradação política, social e económica, de anormal funcionamento das instituições,
que o Secretário-Geral do PS tomou a iniciativa de pedir para ser recebido por todas as forças políticas,
procurando aliviar a tensão na sociedade portuguesa, abrindo portas ao diálogo, dando uma oportunidade à
«descrispação», apresentando propostas para resolver a crise, para encontrar pontos de convergência que
viabilizem políticas que nos reconduzam ao crescimento, ao emprego e ao combate à exclusão social.
Vozes do PS: — Muito bem!