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I SÉRIE — NÚMERO 99

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O Governo garantiu uma injeção de capital no Banif de 1100 milhões de euros, correspondente a mais de

12 vezes o valor bolsista do Banco. O Banco comprometia-se a devolver com juros o financiamento pelo

Estado e a proceder a uma reestruturação que permitisse obter de investidores privados 450 milhões de euros

para compensar parte da injeção de dinheiros públicos.

Ficámos, entretanto, a saber que, afinal, o Banif poderá não pagar, no final de junho, ao Estado, a primeira

tranche do empréstimo, no valor de 150 milhões, que o investimento privado na recapitalização do Banco

ainda não está assegurado e que o Banco vai pedir ao Governo o adiamento do prazo para esse processo de

recapitalização.

Confirma-se, portanto, que o Governo disponibilizou à banca o dinheiro que diz não ter para manter postos

de trabalho, salários, pensões, prestações sociais, saúde e educação. E confirma-se, ainda por cima, que o

Governo, que não mexe uma palha para renegociar a dívida do Estado, aceita todas as imposições que a

banca faça no pagamento da sua dívida ao Estado.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!

O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados: O que estes factos confirmam é a

prática política de um Governo de capatazes da banca, dos grupos económicos e da troica estrangeira.

Um Governo forte a esmagar os direitos e as condições de vida do povo mas que, perante os grandes

interesses, parte a espinha de tanto a dobrar.

O que estes factos confirmam são dois anos de uma prática governativa antidemocrática e antipatriótica,

que está em linha com a política do Governo, de subserviência aos interesses do grande capital e de ataque

aos trabalhadores e ao povo.

Um Governo que, para salvar a banca e os grupos económicos, arruína o País e a vida de milhões de

jovens, trabalhadores, pequenos e médios empresários, agricultores e pescadores.

Um Governo que, em nome da resposta à crise e armado com o pacto da troica, o que verdadeiramente

pretende é perpetuar o empobrecimento e tornar definitivo o agravamento da exploração de quem trabalha,

desviando mais e mais fatias da riqueza nacional para os cofres dos grupos económicos e financeiros.

Sr.ª Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados: O Orçamento retificativo, que amanhã discutiremos nesta

Assembleia da República, dá dimensão parcial do rumo de afundamento nacional em que o Governo e a troica

insistem e confirma aquilo que os portugueses todos os dias sentem nas suas vidas.

Uma política que aponta como perspetiva o aprofundamento da recessão económica, o agravamento do

desemprego, o crescente endividamento do Estado, a degradação das contas públicas, o agravamento das

desigualdades e das injustiças sociais não é uma política de futuro.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!

O Sr. João Oliveira (PCP): — Será talvez a política que os banqueiros e os acionistas dos grandes grupos

económicos desejam para o futuro, porque lhes permitirá continuar a acumular lucros à custa da crise do País

e do povo. E talvez as palavras de ontem do Primeiro-Ministro, quando se dizia orgulhoso do trabalho que está

a fazer, tivessem como destinatários esses abutres que se alimentam com as carcaças da economia e do

desenvolvimento nacionais.

A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!

O Sr. João Oliveira (PCP): — Mas esta não é uma política de futuro, porque faz do povo e dos

trabalhadores as suas vítimas e eles hão de travar-lhe o passo.

Sr.ª Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados e Sr. Presidente da República, que também daqui interpelamos, o

resultado destes dois anos de Governo PSD/CDS, sob o manto do pacto da troica, é um País cada vez mais

próximo de se tornar ingovernável económica e socialmente.

É cada vez mais evidente que o pacto e a política da troica não resolvem os problemas estruturais do País

e apenas servem os interesses de uma minoria de poderosos, prejudicando os interesses da imensa maioria

que é o povo.