I SÉRIE — NÚMERO 102
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noutras respostas, o Sr. Primeiro-Ministro continua com aquela ideia absolutamente teimosa e fora da
realidade de que a procura interna não tem reflexos nenhuns na economia. Acho que isto é uma coisa
completamente lunática! Quer dizer, é de quem não tem os pés bem assentes na terra. É verdade, Sr.
Primeiro-Ministro!
Dizer que o mercado interno, a procura interna e a quebra do rendimento das pessoas não tem nenhum
tipo de reflexo na economia é de quem não vai fazer absolutamente nada para dinamizar a economia, pois não
pega na causa para suportar uma consequência positiva, Sr. Primeiro-Ministro!
No que respeita às confusões do Governo, verificámos, por exemplo, que o Sr. Ministro Vítor Gaspar
declarou que um corte preocupante de 4000 milhões de euros seria feito entre os anos 2014 e 2016. Depois, o
Sr. Primeiro-Ministro veio dizer que esse corte seria feito até ao ano 2015.
Hoje, o Sr. Primeiro-Ministro está muito satisfeito. Não sei porquê. Gosto dessa sua boa disposição, mas
espero é que a boa disposição do Sr. Primeiro-Ministro não afete a sua audição, para que depois me possa
responder.
De seguida, veio o FMI dizer que esse corte, não de 4000 milhões mas de 4700 milhões, será antecipado.
Antecipado quer dizer que será feito antes!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — É antecipado para depois!
A Sr. Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Ou seja, será antecipado para 2014!
Os Srs. Membros do Governo estão acenar que não. É isto que nós ainda não compreendemos, mas o Sr.
Primeiro-Ministro vai fazer o favor de explicar, porque estes cortes são absolutamente dramáticos para o País,
associando-se aos cortes salariais, a despedimentos na função pública, a mais quebra da economia e a mais
recessão! Portanto, isto não é uma coisinha qualquer, isto tem consequências concretas na vida das pessoas!
Lamento, Sr. Primeiro-Ministro, mas, se ninguém percebeu até agora, o Governo pelo menos que ponha a
hipótese de estar com uma enormíssima dificuldade de comunicação com o Parlamento e com os
portugueses. Mas é que está mesmo, porque ninguém percebe nada!
Apesar daquilo que o Sr. Primeiro-Ministro já explicou, ainda ninguém conseguiu perceber porque é que
não paga o subsídio de férias na altura devida. É porque não quer! É por teimosia, é por vingança, sim, apesar
de o Sr. Primeiro-Ministro dizer que não!
Até quase adivinho, por tudo aquilo que se tem vindo a verificar por parte do Governo, que o Sr. Primeiro-
Ministro anda a pouco e pouco a perder força anímica. E sabe o que é que espero, Sr. Primeiro-Ministro?
A Sr.ª Presidente: — Agradeço que termine, Sr. ª Deputada.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Espero que o povo faça com que perca mesmo muita força
anímica e que as greves que estão marcadas tenham um brilhante sucesso, para que o povo português lhe dê
a resposta que o Sr. Primeiro-Ministro merece, porque já ninguém consegue tolerar mais estas manigâncias
do Governo, que não são só problemas de comunicação, são problemas reais de política que afetam e
degradam concretamente a vida das pessoas.
Agradeço a tolerância, Sr.ª Presidente.
Aplausos de Os Verdes e do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr.a Deputada Heloísa Apolónia, lamento desiludi-la mas não
tenho dúvida nenhuma de que a procura interna tem impacto na economia.
Protestos da Deputada de Os Verdes Heloísa Apolónia.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Vai daí…