O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 108

10

Sr. Deputado Couto dos Santos, percebe-se bem que os senhores não querem largar o poder e se querem

manter agarrados ao poder, custe o que custar, até fazendo agora apelos ao Partido Socialista para que vos

lance uma boia de salvação.

Mas, Sr. Deputado Couto dos Santos, aquilo que os senhores têm parar de fazer é de enganar as pessoas

com um discurso de falsidades!

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!

O Sr. João Oliveira (PCP): — O Sr. Deputado Couto dos Santos sabe que, descontados os 12 000

milhões de euros para a banca e descontados os montantes para os juros da especulação do próprio

empréstimo e da especulação anterior, deste empréstimo pouco mais sobra.

O Sr. Deputado sabe tão bem quanto nós que este empréstimo foi contraído para salvar a banca e o capital

financeiro, não foi contraído para pagar salários.

Aplausos do PCP.

O Sr. Deputado sabe bem que o discurso de que pode não haver dinheiro para pagar salários é a última

esperança que lhes resta para condicionarem os portugueses relativamente ao futuro e para garantirem

condições de se manterem ainda no poder. Mas os senhores vão ser desmascarados, têm de ser

desmascarados.

O Sr. Deputado diz que, perante esta situação, é preciso responsabilidade porque é agora que estamos

perto da bancarrota e do segundo resgate. Sr. Deputado, então com um desemprego de quase 20%, com uma

recessão de 3,3%, com um défice de 10,6%, com uma dívida pública que aumentou 25 000 milhões de euros

em dois anos, afastámo-nos da bancarrota, Sr. Deputado?! É que este é o resultado concreto das políticas que

os senhores fizeram, das políticas que promovem a bancarrota para chantagear os portugueses e para impor,

de novo, mais sacrifícios, mais ataques à democracia, mais degradação das condições de vida e de trabalho

em Portugal.

É esse o programa político que os senhores têm para cumprir em Portugal. Por isso, é que dizemos que a

demissão deste Governo não é uma desgraça para o País, é uma pequena «luz ao fundo do túnel», que tem

de ser acompanhada de novas eleições e de um outro governo, que esteja em condições de cumprir uma

outra política, patriótica e de esquerda.

Este Governo, de submissão, de entrega dos interesses nacionais ao capital financeiro e aos grandes

interesses económicos, já demonstrou que o único programa que tem para o País é um programa de

retrocesso e de bancarrota e, para isso, Sr. Deputado, não contam com o PCP!

Aplausos do PCP.

A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Couto dos Santos, perante o que disse,

do alto da tribuna, de que devíamos, a todo o custo, evitar uma crise política, só lhe posso fazer uma pergunta:

onde esteve ontem, anteontem e hoje? Leu algum jornal? Viu televisão? O que é que andou a fazer?

Aplausos do BE.

Crise política é o que estamos viver! Crise política é o facto de o Governo que o Sr. Deputado apoia ter

perdido os seus números dois e três nos primeiros dias desta semana. Por isso, vir dizer-nos que a culpa de

haver uma crise política no País é da oposição, qualquer que ela seja, é tentar esconder o sol com a peneira.

Manter este caminho, manter a política de austeridade foi o que destruiu o Governo, que mergulhou Portugal

no pântano, na crise económica, na crise social e na crise política porque levou o PSD e o CDS a digladiarem-

se entre si.