O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 108

14

A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, ainda não indiquei os restantes oradores que estão inscritos para

proferirem declarações políticas, mas vou fazê-lo agora.

Encontram-se, pois, inscritos para esse efeito os Srs. Deputados Carlos Zorrinho, do PS, Bernardino

Soares, do PCP, e Catarina Martins, do BE. Os Srs. Deputados Rui Pedro Duarte e Isabel Alves Moreira, do

PS, estão inscritos para fazerem intervenções ao abrigo do n.º 2 do artigo 76.º do Regimento da Assembleia

da República, o que significa que usam da palavra por conta própria sem dedução do tempo disponível no

Grupo Parlamentar em que se inserem.

Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Zorrinho.

O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados: O Governo somou uma gravíssima

crise política à crise económica e social em que já vivíamos. Desde setembro que o Governo é um fator de

instabilidade política em Portugal.

Esta crise política atingiu um nível inimaginável. Dois ministros demitiram-se no espaço de 24 horas,

colocando em causa o esforço e os sacrifícios exigidos aos portugueses nos últimos dois anos.

Esta é uma crise política fruto da irresponsabilidade do Governo e que os acontecimentos dos últimos dois

dias tornaram absolutamente intolerável.

Falhou a política e falhou o Primeiro-Ministro!

Aplausos do PS.

O Partido Socialista tem denunciado este falhanço, mas não é apenas o PS que o denuncia; é todo o País

e mesmo personalidades que estiveram diretamente ligadas à execução das políticas que denunciam este

falhanço.

Falhou a política, como o reconheceu o ex-Ministro Vítor Gaspar na sua carta pública de demissão, que

passo a citar: «O nível de desemprego e de desemprego jovem são muito graves. Requerem uma resposta

efetiva e urgente a nível europeu e nacional. Pela nossa parte, exigem a rápida transição para uma nova fase

de ajustamento: a fase do investimento. Esta evolução exige credibilidade e confiança. (…) não estou em

condições de as assegurar» — citei Vítor Gaspar num reconhecimento lúcido, mas cruel, do falhanço absoluto

de uma política.

Mas o ex-Ministro das Finanças identificou também um outro problema: o problema da incapacidade de

liderança de Pedro Passos Coelho.

Assim, dirigindo-se a Passos Coelho, Vítor Gaspar diz: «Cabe-lhe o fardo da liderança (…) os riscos e

desafios dos próximos tempos são enormes (…) exigem a coesão do Governo».

Aqui está um ministro que sai e que reconhece que o Governo está fraturado!

Mas se não bastasse este reconhecimento do ex-Ministro de Estado e das Finanças sobre a debilidade

política e a fragilidade da liderança de Pedro Passos Coelho, também o Ministro de Estado dos Negócios

Estrangeiros Paulo Portas vem pôr em causa a política, dizendo: «O Primeiro-Ministro decidiu seguir o

caminho da mera continuidade no Ministério das Finanças. Respeito, mas discordo».

E Paulo Portas não põe só em causa a política, põe também a liderança. E volto a citar: «A forma como

reiteradamente as decisões são tomadas no Governo torna, efetivamente, dispensável o meu contributo».

Sr.as

e Srs. Deputados: Depois destas palavras, escritas por membros centrais, ministros de Estado deste

Governo, alguém tem dúvidas de que este Governo chegou ao fim? Nós temos ministros mas não temos

Governo! É, pois, confrangedora a falta de sentido de Estado da maioria e a atitude do Primeiro-Ministro.

Aplausos do PS.

Sr.ª Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados: Portugal vive um momento que exige de todos os agentes políticos

responsabilidade, serenidade, convicção e capacidade de colocar o interesse nacional acima dos interesses

partidários.

O Governo é, hoje, a fonte primária da instabilidade política e da instabilidade social. É evidente que o País

precisa de um novo Governo.