4 DE JULHO DE 2013
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O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Luís Montenegro, queria começar por saudar
a humildade com que, perante esta Câmara e perante os portugueses, reconheceu que, depois de tantos
malefícios e de tanta flagelação que esta maioria provocou aos portugueses, ainda a acumular a tudo isso, nas
últimas 24 horas, devido ao desmoronar da coligação, a bolsa portuguesa perdeu mais 6% e a nossa dívida
pública subiu mais 2%. De facto, é obra! E ter reconhecido isso é algo muito importante.
Protestos do PSD.
Mas concentremo-nos no essencial, Sr. Deputado.
É do Primeiro-Ministro e da maioria que o apoia a culpa da crise económica, a culpa da crise social e a
culpa da crise política.
O Sr. António Braga (PS): — Muito bem!
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Eu, da tribuna, dei a entender que considerava, e considero, que esta
governação não foi competente, dei a entender que considerava, e considero, que esta governação não foi
capaz, mas não disse, e não digo, que esta governação não tenha propósito. Ela tem propósito, um mau
propósito, e foi esse que atrapalhou agora o vosso caminho. Havia um propósito claro: não só o de cortar as
pensões aos funcionários públicos e aos reformados, o de cortar retroativamente, mas também o de despedir
os funcionários públicos sem qualquer critério.
Aplausos do PS.
Protestos do PSD, batendo com as mãos nos tampos das bancadas.
Foi esse propósito que dividiu a maioria, porque enquanto parte da maioria disse: «Errámos, queremos
parar aqui o erro», a outra metade da maioria disse: «Errámos e queremos continuar o erro».
Pois fiquem a saber, Srs. Deputados, o seguinte: vocês estão divididos sobre esse propósito, mas os
portugueses não, os portugueses estão todos contra esse propósito.
Deixem que haja eleições e poderão verificar que é verdade que os portugueses estão todos do outro lado
da barricada e não apoiam o vosso Governo nem a vossa política.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — A próxima declaração política é do PCP.
Tem a palavra o Sr. Deputado Bernardino Soares.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Começo esta declaração política com
o mais vivo repúdio e protesto contra a atuação do Governo português no caso da recusa de autorização de
aterragem do avião presidencial da Bolívia. Trata-se de uma atitude que viola todas as regras do direito
internacional, de gestão do espaço aéreo e de relacionamento entre países soberanos e que têm relações
diplomáticas ativas. É uma atitude que deixa Portugal mal visto perante o mundo.
Vamos questionar o Governo para saber quem tomou esta decisão e porquê, que razões técnicas são
essas que justificaram esta inaceitável decisão.
Não sabemos ainda se foi Paulo Portas ou se já nem isso é preciso e é, de facto, a Administração dos
Estados Unidos da América que controla o nosso espaço aéreo e os nossos aeroportos!?
Diz-se que a recusa de Portugal se deveu ao rumor de que estaria a bordo Edward Snowden, o tal que
denunciou gravíssimos atos de espionagem dos serviços secretos norte-americanos sobre países da União
Europeia e sobre as comunicações privadas de milhões de cidadãos.
Afinal não vinha a bordo, mas perguntamos: e se viesse? Como é que se justifica que, perante a denúncia
de que os Estados Unidos espiam vários países da Europa e instituições da União Europeia, Portugal e outros