I SÉRIE — NÚMERO 108
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O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro da Administração
Interna.
O Sr. Ministro da Administração Interna: — Sr. Presidente e Srs. Deputados, agradeço as questões que
colocaram.
Começo por responder ao Sr. Deputado Pedro Delgado Alves, dizendo que registo, com agrado, a abertura
do Partido Socialista para estudarmos e aprofundarmos este diploma em sede de especialidade e por a
posição do Partido Socialista não ser uma posição de rejeição liminar da proposta que aqui trazemos.
Todos sabemos, de forma responsável, que este é um problema que tem suscitado por parte de outros
países europeus, mas não só europeus, reações legais, contraordenacionais e outras.
Não vale a pena ignorar o problema.
Esta questão significa milhões de euros para o erário público, no sentido das várias entidades que gerem o
espaço público em todo o País, milhões de euros esses que têm muito melhor utilização, convenhamos todos,
em outro tipo de atividades.
Mas é também, Sr. Deputado — queria sublinhar este ponto —, em muitos casos, um atentado ao direito
de privados em relação à sua própria propriedade. E esse direito não pode ser ignorado nem desvalorizado.
Sr. Deputado, sabe por exemplo quanto é que a CP gasta por ano na limpeza de comboios que são
vandalizados desta forma? Sabe quanto é que empresas de transporte rodoviário gastam por ano nisto? Sabe
quanto é que se gasta por ano nas câmaras municipais em múltiplos arranjos e reposição de situações fruto
desse tipo de prática? Sr. Deputado, gasta-se muito dinheiro, muitos milhões de euros, que todas essas
empresas, todas essas autarquias locais certamente dariam por mais bem empregues noutras atividades em
favor dos cidadãos.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr. Ministro.
O Sr. Ministro da Administração Interna: — Registo com agrado a posição do PS e quero dizer ao Sr.
Deputado que estamos inteiramente disponíveis para encontrar as melhores soluções neste domínio.
Sr. Deputado João Oliveira, para não haver nenhuma dúvida, a proposta de lei é muito clara: o artigo 1.º
excetua expressamente tudo o que está regulado em matéria de propaganda política. O n.º 2 do artigo 1.º da
proposta de lei não apresenta nenhuma dúvida em relação a essa matéria.
Sei que interessa, do ponto de vista político, fazer a confusão sobre regulação de uma matéria que a
esmagadora maioria das pessoas entende como necessário combater e a confusão entre opções de arte, nas
quais não me meto — é absolutamente legítimo que isso aconteça —, e vandalismo, que é aquilo que
acontece, infelizmente, em muitas situações que existem pelo País, de norte a sul.
Sr. Deputado, não me peça para eu estar de cordo com a sua posição sobre esta matéria. Uma coisa é
liberdade de expressão, liberdade política, propaganda política — não há nada neste diploma que afete essa
matéria. Outra coisa completamente diferente é, a coberto disso, permitir as situações com que, infelizmente,
milhões de portugueses são confrontados todos os dias, que danificam o espaço público, abusam do espaço
público e prejudicam o País.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Cecília
Honório.
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, Sr.ª Secretária de Estado, Srs. Secretários de
Estado: Além de os cumprimentar, quero deixar algumas notas quer sobre a oportunidade desta iniciativa quer
sobre o seu conteúdo e valor.
Quero registar a pressa com que o Governo quer aprovar esta proposta de lei. Trata-se de um Governo
que se está a desfazer, de um País que está numa crise como aquela que observamos, mas pressa para os
graffiti já há muita.