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I SÉRIE — NÚMERO 109

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Pergunto a cada uma e cada um dos Srs. Deputados, a cada uma e cada um dos Srs. Membros do

Governo: estas políticas falharam ou não falharam? As pessoas sabem a resposta. As pessoas sabem que

estas políticas falharam, porque estão a pagar o falhanço destas políticas com as suas vidas!

É curioso que o Sr. Ministro da Saúde, afinal tão versado nas finanças como ele próprio demonstrou,

depois de todas as perguntas, viesse dar a sua opinião sobre a dívida — se ela é sustentável, se não é

sustentável, se o Governo acredita ou não que vai continuar sem a sua restruturação. Mas, afinal, o

encerramento nem será feito pelo Ministro, mas pelo Sr. Secretário de Estado das Finanças. Afinal, o Sr.

Ministro delega no Sr. Secretário de Estado a resposta que aqui deveria dar, depois do debate que teve e

depois das acusações que fez.

Ora, percebe-se que são acusações gratuitas e é uma política que assenta a sua base, nada mais, nada

menos, numa tentativa de branquear dois anos de governação.

Não, o Governo não chega de peito feito a este debate porque tem obra para mostrar; chega de peito feito

porque respirou fundo, porque sabe que se está a afogar, e se não respirasse acabava por cair.

Essa é a conclusão que tiramos deste debate.

Diz-nos o Sr. Ministro da Saúde, que gosta tanto de falar sobre finanças, que a dívida é o resultado do

défice, que a dívida de hoje são os impostos do futuro, que o défice de hoje é a dívida de amanhã.

E eu pergunto: e este Governo, depois de todos os cortes, como tem a dívida? Depois de cortar nos

salários, como tem a dívida? Depois de cortar nas pensões, como tem a dívida? O resultado é que ela subiu.

Então, como é possível?

Protestos da Deputada do PSD Conceição Bessa Ruão.

Como é que, depois de toda a austeridade imposta, é possível que ela tenha falhado tão redondamente?

Afinal, a gestão não era correta? Não era justa? Não era racional?

Não, Sr.as

e Srs. Deputados! É irracional!

Protestos da Deputada do PSD Conceição Bessa Ruão.

Sr.ª Deputada, é irracional! E irracional é o Governo e as políticas que o sustentam! Irracional é a política

deste Governo!

Aplausos do BE.

É irracional, porque corta nos salários e nas pensões das pessoas. É irracional, porque quando se pergunta

para onde foi o dinheiro, nós sabemos que saiu do bolso das pessoas para ir para o «bolso» das swaps, das

PPP, do Banif. É aí que está o dinheiro! E aí não cortaram! Não cortaram porque sabem que reestruturar a

dívida é perder em dois carrinhos: é perder no espaço da chantagem para impor a austeridade, mas é também

atacar aqueles que este Governo mais tem beneficiado — a banca, os credores e os especuladores que

andaram especular sobre o País.

O Sr. Ministro disse uma frase curiosa: «Não pagar é não cumprir com a obrigação dos fornecedores». Não

pagar a dívida pública, Sr. Ministro, é não cumprir para com aqueles que especularam com a vida das pessoas

e que agora estão a ganhar com juros usurários, que estão a especular com a vida de todos nós, é hipotecar a

vida dos nossos para servir aqueles que brincaram com o nosso futuro.

Aplausos do BE.

Termino, Sr. Presidente, com o reconhecimento de que o Governo não tem saída. Este Governo pode não

cair hoje, pode não cair nos próximos dias, mas, verdade seja dita, ele não irá cair provavelmente porque ele

já não anda, já não caminha, ele rasteja, tal é a política que está em vigor e tal é o pântano em que se

movimenta.