I SÉRIE — NÚMERO 109
42
Para Portugal é imperativo manter o equilíbrio orçamental não como um fim em si mesmo, mas como um
meio para resgatar a nossa soberania económica e para agarrar definitivamente um novo ciclo de
prosperidade.
Isso significa, em concreto, que as boas finanças públicas são um meio de assegurar o financiamento à
economia, o crescimento sustentável e a geração de emprego.
É preciso sublinhar que Portugal já concluiu as duas primeiras fases do seu ajustamento. A emergência do
ajustamento financeiro foi ultrapassada.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Ah! Está tudo normal, então…
O Sr. Secretário de Estado das Finanças: — Iniciámos o processo de normalização das condições de
financiamento da economia, que é absolutamente fundamental para o nosso tecido empresarial, para o
alargamento da nossa base exportadora e, portanto, para a criação de emprego.
A estratégia seguida durante todo este período permitiu reconquistar a confiança, restabelecer a
credibilidade do País junto dos nossos parceiros internacionais e investidores e permite-nos olhar para o
futuro, garantindo que os sacrifícios dos portugueses não foram nem serão em vão.
O sucesso do regresso de Portugal aos mercados é a prova disso. Um regresso que se iniciou antes do
calendário previsto e de modo mais rápido do que noutros países em ajustamento. Este processo contínuo
assenta numa estratégia e num conjunto de compromissos assumidos pelo Governo para credibilizar o País e
restaurar a confiança dos investidores em Portugal.
Isso permitiu o regresso ao financiamento de mercado de várias empresas financeiras e não financeiras.
De notar que as empresas portuguesas já emitiram, desde o início do programa de resgate, mais de 8000
milhões de euros em mercado de dívida obrigacionista.
A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — Explique lá o desemprego!
O Sr. Secretário de Estado das Finanças: — A redução dos custos de financiamento das empresas, com
reflexo em particular das pequenas e médias empresas, também já se iniciou.
A estabilidade do sistema financeiro e o reforço da confiança dos investidores é notável pela diminuição do
rácio de transformação, isto é, entre empréstimos e depósitos de mais de 158% para 128%, no final de 2012.
O sistema financeiro está, assim, em melhores condições para financiar a recuperação económica. Estão
reunidas condições que perspetivam um ponto de viragem na trajetória da dívida, condições que, essas sim,
garantem a sustentabilidade da dívida pública.
A tendência do crescimento insustentável da dívida pública nos últimos 10 anos, a necessidade de
ultrapassar a dependência crónica da dívida devia ter-se tornado evidente mais cedo e não apenas na
primavera de 2011, altura em que País perdeu a sua autonomia financeira.
Mas há fortes sinais que apontam para uma inversão desta tendência. Dois terços do ajustamento
estrutural em termos orçamentais estão concluídos. Espera-se que o défice estrutural este ano seja de 3,6%.
O défice estrutural é aquele que é expurgado de efeitos de ciclicidade económica.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Secretário de Estado das Finanças: — Portugal está a reduzir a sua dívida externa, demonstrando
capacidade de financiamento pela primeira vez nos últimos 20 anos.
A procura e a oferta internas estão hoje equilibradas e espera-se uma inflexão na trajetória do PIB no final
deste ano.
Com a correção dos desequilíbrios macroeconómicos e a estratégia de regresso aos mercados a decorrer
a bom ritmo, a tónica estará na manutenção de uma situação de equilíbrio orçamental.
Os desafios são enormes e todos sabemos o quanto a conjuntura externa afeta o comportamento da
economia portuguesa, em particular numa situação de maior vulnerabilidade como aquela em que nos
encontramos desde a emergência financeira de 2011.