I SÉRIE — NÚMERO 109
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Para terminar, o que diz a economia — e constato que os Srs. Deputados gostam bastante mais desse
tema do que do tema da saúde, que é algo bastante mais concreto para as pessoas — é que défices são
impostos futuros,…
O Sr. João Galamba (PS): — Isso também não é verdade! Se a economia crescer…
O Sr. Ministro da Saúde: — … que é coisa que esquece quem advoga sistematicamente despesas acima
das receitas.
Por outro lado, também há uma outra coisa que é indesmentível: despesa pública são receitas privadas.
Portanto, Sr.ª Deputada, temos muitas farmacêuticas, farmácias, laboratórios e vários privados todos eles a
quererem mais despesa pública.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente Ferro Rodrigues.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Fazenda.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: Não
tenciono discursar no tom do Sr. Ministro da Saúde, nem fazer réplicas à jactância e à arrogância que hoje
aqui demonstrou.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Mas há uma coisa que devo concluir: não tem a última palavra na ciência económica. Aliás, ao longo dos
anos, ouvi vários ministros das Finanças de direita explicarem-nos os défices virtuosos. Portanto, há qualquer
coisa aí que não encaixa na teoria económica. E muito poderíamos aqui discutir.
Mas vou dizer-lhe o que não é brincadeira. O que não é brincadeira é o Dr. Silva Lopes, duas vezes
Ministro…
Vozes do PSD: — Oh!
Pausa.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Peço que não interrompam o orador.
Sr. Deputado Luís Fazenda, peço-lhe que prossiga.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Prossigo, Sr. Presidente. Mas não tenham a menor dúvida de que não
conseguem extravasar o vosso nervosismo, devido à crise política que estão a viver, tentando humilhar
partidos da oposição ou quem quer que seja.
Aplausos do BE.
Como dizia, Sr. Ministro da Saúde, o Dr. Silva Lopes, que foi duas vezes Ministro das Finanças deste País,
disse — e não foi o único a dizê-lo —, baseado em estudos, que 50% da dívida não é pagável, e num conjunto
de décadas razoável para a amortização. Isto foi dito pelo Dr. Silva Lopes.
Sei que as pessoas que têm estudado a evolução da dívida neste Parlamento, nas bancadas da direita,
sustentam que ela não é pagável. Pensam que ela, objetivamente, no contexto atual, e com as políticas que
têm sido seguidas, não é pagável.
É que, com o colapso fiscal, a dívida não é pagável e, com algum estímulo à economia, a dívida também
aumenta e não é pagável. Portanto, o problema está num colete de forças. E ou bem que se baixa o stock da
dívida e se alteram as condições de pagamento, etc., ou, então, não é possível.