5 DE JULHO DE 2013
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A Sr.ª Ana Drago (BE): — … entendemos que, enfim, essa fragilidade não podia ser exposta ao
contraditório desta Câmara e, então, o Governo tentava resguardar a sua figura e a sua nova cara à frente do
Ministério das Finanças.
Como se disse agora, discordámos, mas respeitámos. Do que não estávamos à espera era deste
espetáculo, absolutamente indecoroso e confrangedor, de incapacidade das bancadas que suportam a maioria
para discutir o tema em debate: dívida pública. Houve uma necessidade, por parte dos partidos que,
supostamente, apresentam uma solução de Governo ao País de discutir, de abordar, de apresentar soluções
àquele que é o centro do debate político. Portanto, não foi por acaso que hoje pareceu haver um erro de
casting por parte do Governo e uma vontade de fugir ao tema político central. É que a crise política que
vivemos ainda por estas horas é a crise política originada pela dívida pública, pelo seu peso e pela
necessidade da sua reestruturação.
Vozes do BE: — Muito bem!
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Tudo, tudo foi feito por este Governo, em nome da dívida: desemprego,
empobrecimento, emigração, destruição do tecido económico, ausência de perspetivas.
Todo o programa foi estruturado em nome da intenção de pagar, de estagnar, de solucionar o problema da
dívida pública, e nada resultou. Nada resultou! Tudo falhou!
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Fala a especialista!…
A Sr.ª Ana Drago (BE): — E o debate que temos hoje sobre a crise política atual não começou na terça-
feira com a demissão do, então, Ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, começou na segunda-feira
com a demissão de Vítor Gaspar, o nome, a cara, o protagonista, o homem que construiu um programa de
destruição do País, em nome do combate à dívida pública.
Portanto, quando o Sr. Ministro da Saúde nos vem aqui dizer que estamos a reequilibrar, deve estar
enganado. Se calhar, preocupou-se com as questões da saúde e não olhou para mais nada. Fala de
reequilíbrio de quê? Do défice? Do défice público? Sr. Ministro, vamos falar de números, não vamos falar
sobre a sua utopia! Défice público no 1.º trimestre de 2011: 7,6%. Défice público no 1.º trimestre de 2012:
7,9%. Défice público no 1.º trimestre de 2013: 10,6%! Não chamo a isto reequilíbrio, chamo a isto um plano
inclinado, caminhar para a desgraça!
E a isto soma-se o quê, Sr. Ministro da Saúde? Últimos dados do desemprego: 17,6%; a dívida a chegar
aos 130% do PIB; queda da economia no 1.º trimestre: 3,9%. Mas o que é que está a correr bem?! Não está
nada a correr bem!
É por isso, Sr. Ministro, que a carta do Ministro Vítor Gaspar é tão importante para o debate político.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Olha, agora é o ideólogo!
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Ela é importante, porque ela «fala»!
Sr.as
e Srs. Deputados da maioria, Sr. Ministro, oiçam bem, oiçam com atenção. O que nos separa neste
debate é que há dois anos, quando se começou a discutir a política de austeridade para pagar a dívida, para
ter um novo crescimento económico, a bancada do Bloco de Esquerda disse o seguinte: «Os senhores vão
matar a procura interna, vão aumentar o desemprego, vão provocar a queda da receita fiscal, portanto, vão
provocar maior défice». O que é que diz Vítor Gaspar, na sua carta? Tudo isto! Exatamente isto!
Aplausos do BE.
Por isso, Sr. Ministro, pedia-lhe que desta vez tivesse alguma humildade. Oiça e aprenda!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Tenha vergonha!