O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

5 DE JULHO DE 2013

31

A Sr.ª Ana Drago (BE): — … entendemos que, enfim, essa fragilidade não podia ser exposta ao

contraditório desta Câmara e, então, o Governo tentava resguardar a sua figura e a sua nova cara à frente do

Ministério das Finanças.

Como se disse agora, discordámos, mas respeitámos. Do que não estávamos à espera era deste

espetáculo, absolutamente indecoroso e confrangedor, de incapacidade das bancadas que suportam a maioria

para discutir o tema em debate: dívida pública. Houve uma necessidade, por parte dos partidos que,

supostamente, apresentam uma solução de Governo ao País de discutir, de abordar, de apresentar soluções

àquele que é o centro do debate político. Portanto, não foi por acaso que hoje pareceu haver um erro de

casting por parte do Governo e uma vontade de fugir ao tema político central. É que a crise política que

vivemos ainda por estas horas é a crise política originada pela dívida pública, pelo seu peso e pela

necessidade da sua reestruturação.

Vozes do BE: — Muito bem!

A Sr.ª Ana Drago (BE): — Tudo, tudo foi feito por este Governo, em nome da dívida: desemprego,

empobrecimento, emigração, destruição do tecido económico, ausência de perspetivas.

Todo o programa foi estruturado em nome da intenção de pagar, de estagnar, de solucionar o problema da

dívida pública, e nada resultou. Nada resultou! Tudo falhou!

O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Fala a especialista!…

A Sr.ª Ana Drago (BE): — E o debate que temos hoje sobre a crise política atual não começou na terça-

feira com a demissão do, então, Ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, começou na segunda-feira

com a demissão de Vítor Gaspar, o nome, a cara, o protagonista, o homem que construiu um programa de

destruição do País, em nome do combate à dívida pública.

Portanto, quando o Sr. Ministro da Saúde nos vem aqui dizer que estamos a reequilibrar, deve estar

enganado. Se calhar, preocupou-se com as questões da saúde e não olhou para mais nada. Fala de

reequilíbrio de quê? Do défice? Do défice público? Sr. Ministro, vamos falar de números, não vamos falar

sobre a sua utopia! Défice público no 1.º trimestre de 2011: 7,6%. Défice público no 1.º trimestre de 2012:

7,9%. Défice público no 1.º trimestre de 2013: 10,6%! Não chamo a isto reequilíbrio, chamo a isto um plano

inclinado, caminhar para a desgraça!

E a isto soma-se o quê, Sr. Ministro da Saúde? Últimos dados do desemprego: 17,6%; a dívida a chegar

aos 130% do PIB; queda da economia no 1.º trimestre: 3,9%. Mas o que é que está a correr bem?! Não está

nada a correr bem!

É por isso, Sr. Ministro, que a carta do Ministro Vítor Gaspar é tão importante para o debate político.

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Olha, agora é o ideólogo!

A Sr.ª Ana Drago (BE): — Ela é importante, porque ela «fala»!

Sr.as

e Srs. Deputados da maioria, Sr. Ministro, oiçam bem, oiçam com atenção. O que nos separa neste

debate é que há dois anos, quando se começou a discutir a política de austeridade para pagar a dívida, para

ter um novo crescimento económico, a bancada do Bloco de Esquerda disse o seguinte: «Os senhores vão

matar a procura interna, vão aumentar o desemprego, vão provocar a queda da receita fiscal, portanto, vão

provocar maior défice». O que é que diz Vítor Gaspar, na sua carta? Tudo isto! Exatamente isto!

Aplausos do BE.

Por isso, Sr. Ministro, pedia-lhe que desta vez tivesse alguma humildade. Oiça e aprenda!

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Tenha vergonha!