5 DE JULHO DE 2013
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É por isso que quero deixar aqui, em nome do Grupo Parlamentar do PSD e da maioria, uma palavra de
agradecimento a todos os dirigentes e profissionais da saúde,…
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Parece que a maioria está a despedir-se!
O Sr. Couto dos Santos (PSD): — … pela dedicação, empenhamento e profissionalismo que têm tido,
nomeadamente neste período de aplicação do Programa de Assistência Financeira, e pelo contributo que
estão a dar para a sustentabilidade do sistema e da dívida pública.
São estes pequenos contributos, mas grandes no seu significado, que ajudam e ajudaram a reduzir a
despesa total do Estado em mais de 10 000 milhões, entre 2011 e 2012.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — A próxima intervenção é do PS, pelo que tem a palavra o Sr. Deputado Vitalino
Canas.
O Sr. Vitalino Canas (PS): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: O
Partido Socialista entende que este debate da sustentabilidade da dívida pública é um debate importante e,
por isso, preparou-se para ele e vai falar sobre o tema.
O Partido Socialista tem, sobre esta matéria, posições que são conhecidas, posições, essas, que, aliás,
infelizmente, divergem daquelas que têm sido assumidas pelo Governo e também, diga-se, daquelas que
acabaram, há pouco, de ser assumidas nesta tribuna, pelo próprio Bloco de Esquerda, partido interpelante.
Mas ainda temos esperança de que uns e outros possam vir a aproximar-se. Talvez os Deputados da maioria,
uma vez livres do Governo atual, possam aproximar-se das nossas posições e talvez o Bloco de Esquerda
possa ultrapassar algumas das suas contradições e aproximar-se também daquilo que entendemos ser,
verdadeiramente, o futuro, a médio e longo prazo, em termos de sustentabilidade da dívida pública.
Entendemos que essa solução tem duas vertentes, uma interna e uma externa. Falaremos aqui das duas,
eu e o Sr. Deputado Eduardo Cabrita, quando intervier.
Quanto à vertente externa, temos entendido que é necessária uma evolução ao nível europeu — parecia-
nos que o Bloco de Esquerda também pensaria assim, mas não foi feita qualquer referência a isso neste
debate —, no sentido da mutualização, daquilo que se designa, genericamente, por mutualização parcial da
dívida soberana. Defendemos que parte da dívida soberana dos Estados-membros do euro passe a ser
comum, com responsabilidades solidárias e/ou conjuntas de cada um dos Estados participantes.
Em muitos setores, hoje, parece haver inclinação na Europa para a criação de um fundo de remição, de
amortização ou de resgate, consoante as traduções, que absorva gradualmente os montantes da dívida
soberana acima dos 60%. Este mecanismo, complementar aos já existentes, seria acompanhado pela
emissão de euro bills, destinadas a cobrir dificuldades de liquidez de curto prazo dos Estados do euro. Embora
seja impossível fazer cálculos seguros, estas soluções poderiam significar um aligeiramento significativo da
carga sobre Portugal: 3,6%, no caso do fundo; 8%, no caso de soluções mais integradas.
Temos verificado, porém, uma obstinada recusa do Governo em aderir e apoiar esta solução, a única que,
a médio e longo prazo, é suscetível de assegurar a sustentabilidade da nossa dívida pública. Convido-vos,
aliás, a olhar, por 1 minuto, para a carta do ex-Ministro Vítor Gaspar. Nessa carta, como já sabemos, bate com
a mão no peito e confessa que errou em toda a linha, mas essa carta é também reveladora, entre outras
coisas, de uma das características fatais deste Governo e que vai persistir, se ele persistir: a falta de visão
europeia e a subserviência perante os credores.
Aplausos do PS.
Nessa carta, a Europa aparece, invariavelmente, referida como «os nossos credores», a Europa e os
Estados-membros nunca aparecem como os nossos parceiros num projeto comum que requer fidelidade e
solidariedade mútua. Na carta do ex-Ministro, nós, Portugal, somos os devedores e eles, os outros Estados-
membros, são os credores.