6 DE JULHO DE 2013
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A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Nuno Encarnação, permita-me que faça dois
pequenos apontamentos, um primeiro que não é propriamente dirigido ao Sr. Deputado, e só depois lhe
coloque algumas questões.
O primeiro apontamento prende-se com a presença do Governo neste debate potestativo, marcado por
uma bancada. Será que o Governo, a partir de hoje, vai pontuar e presenciar os debates potestativos das
diversas bancadas? Gostaríamos de saber se vai ser essa a prática, a próxima prática.
Mas passemos à frente.
O Sr. Deputado Nuno Encarnação fez uma intervenção sobre as parcerias público-privadas e fez quase
como que um olhar histórico sobre o passado. A primeira questão que lhe coloco é, desde logo, esta: olhar
para trás até onde? Qual vai ser a parceria público-privada onde vai parar o nosso olhar? Vamos chegar até à
parceria público-privada da Lusoponte, ou não chegaremos lá, Sr. Deputado? Essa parceria público-privada,
uma das mais ruinosas para o nosso País, também vai fazer parte desse balanço histórico que o Sr.
Deputado, em nome do PSD, aqui veio fazer? Gostaria muito de obter uma resposta sua a esta questão
Por outro lado, o Sr. Deputado assumiu também, em nome da sua bancada, que este País teve alcatrão a
mais, alcatrão a mais num País a menos. É verdade, Sr. Deputado! Estamos de acordo. Mas tenho de dizer
outra coisa: é que não foi só alcatrão a mais — isso é meia análise do problema. Foi alcatrão a mais e foi
desinvestimento a menos e alcatrão a menos que deu muito buraco na rede viária nacional, porque foram
opções políticas dos vários Governos.
E aqui, Sr. Deputado, não generalize, por favor! O que é isso dos políticos?… Os políticos quando passam
pela autoestrada têm de pensar… Os políticos? Mas quais políticos, Sr. Deputado?! É que há aqui muitos
políticos e há políticos que tomaram posições muito concretas em relação às opções desastrosas,
inclusivamente, dos Governos onde o seu partido tinha a maioria e liderava.
Sr. Deputado, gostava de ter ouvido uma conclusão da sua intervenção, as propostas para o futuro! Já
fizemos a análise do passado, por isso queremos ver até onde vamos em termos de propostas para o futuro.
Mas eu não ouvi nada da parte do PSD. Qual é a proposta em relação às PPP?
Deixo-lhe esta pergunta, Sr. Deputado: concorda com a proposta do Bloco de Esquerda? Concorda com a
proposta do Bloco de Esquerda do resgate público de todas as PPP? Aliás, Sr. Deputado, ainda não vi no
debate outra proposta que garanta que o Estado se pode salvar das rendas a privados, a não ser a do resgate
público das PPP.
Já agora, se é preciso clareza e se os políticos têm de tomar posição, comecemos por aqui: clareza
absoluta sobre as propostas para o futuro em relação às parcerias público-privadas.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Nuno Encarnação, de facto, não é
possível fazer uma reflexão séria sem olhar para trás — estou de acordo. E, quando olhamos para trás, temos
de concluir que as parcerias público-privadas foram uma fórmula que os Governos arranjaram para hipotecar o
futuro das contas do Estado, permitindo um negócio apenas para os privados, permitindo apenas um
excelente negócio para os privados, que são os únicos, de resto, a ganhar com o negócio, já que para o
Estado as parcerias público-privadas representam negócios verdadeiramente ruinosos, como, aliás, se
continua a verificar e como ficou claro com o relatório do Tribunal de Contas que acabou por arrasar
completamente todos esses negócios.
Recordava — o Sr. Deputado não o disse porque, se calhar, se esqueceu — que as parcerias público-
privadas foram uma notável invenção dos Governos de Cavaco Silva, do PSD. E, depois de descoberta a
fórmula, que permite apresentar obra hoje para que os outros paguem amanhã, é claro que os Governos que
vieram a seguir, do PS ou do PSD, usaram e abusaram dessa notável invenção. Portanto, só coisas boas para
os negócios do Estado vieram do PSD e do PS!…
Sobre a transparência nos negócios de privatização, Sr. Deputado, penso que basta atender à motivação e
aos objetivos que têm levado às privatizações e, depois, confrontar com os resultados para se perceber que
de transparente estes processos nada têm.