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I SÉRIE — NÚMERO 114

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Ora, se pensarmos que, nos anos de 2012 e 2013, houve mais cortes nos rendimentos familiares e nos

apoios sociais, adivinha-se que os indicadores relativos aos tempos atuais são um verdadeiro drama social.

E a pergunta que os Verdes fazem é a seguinte: como é que o País pode aceitar esta realidade? E,

sabendo que estas são consequências diretas do memorando da troica e da política do Governo PSD/CDS,

impõe-se também perguntar: como é que o País pode aceitar esta continuidade?

O que torna isto tudo mais revoltante é percebermos que o dinheiro público, que o Governo insiste em dizer

que não existe para as pessoas e para a economia, está, praticamente, todo a ser canalizado, em largos

milhares de milhão, para os bancos, para os juros exorbitantes que pagamos e também para a troica, diga-se

de passagem!

Foram disponibilizados para a banca 12 000 milhões, pagamos 7000 milhões anuais em juros, são milhões

e milhões (de cuja soma já se perdeu a conta) para a fraude e o negócio ruinoso do BPN, que,

escandalosamente, nos continua a absorver quantias estrondosas.

Nós não temos dinheiro para isto, nem temos dinheiro para swaps e para continuar a oferecer à banca

tantas benesses fiscais, nem para parcerias público-privadas, nem temos condições para andar a fazer outros

negócios ruinosos, tais como vender empresas públicas rentáveis, como a EDP ou os CTT, cuja privatização

implica que o Estado deixe de arrecadar largos montantes de recursos financeiros.

Assim, é evidente que o défice se mantém descontrolado e é óbvio que a dívida continua a galopar, já

atingindo os 130% do PIB.

Por este caminho não só continuamos a perder capacidade de pagar dívida como não paramos de nos

endividar. É o que acontece quando se destrói capacidade de gerar riqueza num país. É o que acontece

quando se governa ao serviço dos mercados financeiros, ao serviço da Sr.ª Merkel e ao serviço da troica,…

O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — … que nos sugam juros medonhos e que nos tornam mais e mais

dependentes do exterior e, pior, que não estão minimamente preocupados com as consequências daí

resultantes para a vida dos portugueses.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Muito bem!

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Tudo isto é revoltante por ser tão escandalosamente injusto. E é

esta revolta que gerou no País lutas sociais com uma força, uma dimensão e uma frequência como não se via

há muito!

É o povo a dizer que basta, que não dá para suportar mais, que se ultrapassaram os limites da dignidade

humana! É o povo a reclamar a demissão do Governo e destas políticas absurdas!

Foi neste quadro que um dos principais protagonistas desta política, Vítor Gaspar, pediu a sua demissão de

Ministro de Estado e das Finanças, reconhecendo o falhanço das políticas prosseguidas, assumindo-as como

causa dos níveis de pobreza e de desemprego, reconhecendo a sua incapacidade de contribuir para inverter a

situação e, muito importante, dando nota de ter consciência daquilo a que chamou de «erosão significativa no

apoio da opinião pública às políticas», o mesmo é dizer, reconhecendo aquilo que é mais que óbvio, que o

Governo não tem mais apoio da sociedade.

Seguiu-se um dos episódios mais enxovalhantes da vida política portuguesa: a demissão irrevogável do

Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, Presidente do CDS-PP. De um dia para o

outro, deixou de ser irrevogável e passou a ser trocável por um lugar de vice-Primeiro-Ministro. Lamentamos,

mas a este ainda membro do Governo não é mais possível sequer atribuir qualquer credibilidade em relação

ao que diz ou ao que faz.

Toda esta realidade e todos estes acontecimentos provaram inequivocamente o apodrecimento do

Governo. Está em causa o regular funcionamento das instituições!

Face a esta situação, o Sr. Presidente da República reconheceu que o Governo já não é confiável e que

está sobremaneira descredibilizado. Assume que o Governo não pode chegar ao fim da Legislatura, contudo

decide não convocar já eleições antecipadas, de modo a garantir mais um ano para as políticas da troica.

Decidiu arrastar o desastre nacional em coautoria com os seus protagonistas. Para isso, decidiu convocar os