I SÉRIE — NÚMERO 115
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designou, de forma informal, por programa cautelar para ajudar num período de transição esses países a
voltarem a financiar-se nos mercados.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Depois das «muletas» vem a «cadeira de rodas»!
O Sr. Miguel Frasquilho (PSD): — Foi exatamente a isto que me referi. Para a Irlanda isso está em cima
da mesa, tal como está para Portugal.
Mas, Sr. Deputado, sejamos muito claros, tal não corresponde a nenhum segundo resgate! Aliás, ao ouvi-
lo, fiquei com a ideia de que o Sr. Deputado desejava que um segundo resgate acontecesse. Ora, é isso que
eu considero lamentável, porque um segundo resgate seria desastroso para os portugueses, seria colocar
muito mais austeridade do que esta que tem vindo a ser aplicada por imposição também dos nossos credores,
como muito bem sabe, porque estamos muito condicionados.
Portanto, isso é algo em que estas bancadas não o poderão acompanhar, Sr. Deputado.
Veremos o futuro. O futuro, como se costuma dizer, a Deus pertence, mas, Sr. Deputado, pode ter a
garantia de que estas bancadas e o Governo de coligação tudo farão para que a troica termine a sua estadia
em Portugal em junho de 2014 e que possamos ficar sob a proteção de um programa cautelar que nos
permitirá reganhar, com o tempo, a nossa total autonomia económica e financeira. É exatamente isto que
desejamos e estamos certos de que tal irá acontecer.
A Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia perguntou que erros é que foram cometidos no passado. Posso dizer já
um que foi cometido em maio de 2011 e que é muitíssimo relevante, porque condicionou tudo o resto.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Deste Governo! Deste Governo!
O Sr. Miguel Frasquilho (PSD): — Sr.ª Deputada, vou apontar-lhe o erro: no programa original, por
exemplo, o atual Primeiro-Ministro tinha falado com a troica e mencionado que seria muito positivo ter mais um
ano para o ajustamento orçamental em relação ao que tinha sido acordado. Sabe qual foi a resposta da troica?
Que isso já tinha sido negociado com o Governo de então, que estava fechado, que talvez fosse positivo, mas
que não podia ser feito.
O Sr. Pedro Lynce (PSD): — Muito bem!
O Sr. Miguel Frasquilho (PSD): — Sr.ª Deputada, isto podia ter feito toda a diferença num processo de
desendividamento que tínhamos sempre de cumprir, que seria sempre doloroso e que, evidentemente, foi
dificultado também pela conjuntura económica que vivemos, quer interna quer externamente.
Srs. Deputados, deixem-me dizer-lhes que estamos à beira das 8.ª e 9.ª avaliações, que vão acontecer em
simultâneo, e, nessa altura, ver-se-á a extensão e a duração dos cortes na despesa, que vão ter de ser
efetuados — espero que prolongados no tempo —, mas, neste momento, seria prematuro da minha parte
estar aqui a falar em qualquer montante.
Sr. Deputado João Almeida, deixe-me agradecer-lhe a sua questão e dizer-lhe que concordo inteiramente
com a análise que fez.
O PSD também pensa que teria sido muito positivo ter-se atingido um acordo global, na semana passada.
Nós manifestámo-nos disponíveis e aceitámos encurtar esta Legislatura em mais de um ano para que o
Partido Socialista, juntamente com a maioria, pudesse falar com a troica, para que Portugal negociasse com
uma voz mais forte de modo a que o programa pudesse ser renegociado.
De facto, a procura do consenso e do compromisso é essencial. Todavia, tal não foi atingido, mas isso não
significa que não possa ser atingido no futuro, mesmo em áreas parcelares.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Miguel Frasquilho (PSD): — Portanto, lanço daqui o repto ao Partido Socialista, como já fiz há
pouco, no sentido de que possa aceitar este convite, digamos assim, para integrar um consenso alargado, que