25 DE JULHO DE 2013
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Aplausos do PS.
Sr. Deputado Luís Menezes, não sei o que lhe dizer quanto à sua ideia de politiquice e apelo à sua
compreensão, inteligência e memória se não será politiquice o facto de um membro do Governo se demitir
dizendo que a demissão é irrevogável e, passado uns tempos curtos, ser Vice-Primeiro-Ministro de um
Governo. Isso é ou não politiquice?
Sabe que é politiquice, que é faltar à verdade!
Portanto, Sr. Deputado, veja-se ao espelho, fique com essa politiquice!
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Os próximos pedidos de esclarecimento vão ser colocados pelos Srs. Deputados
António Filipe e Telmo Correia.
Tem a palavra, Sr. Deputado António Filipe.
O Sr. António Filipe (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Alberto Martins, estamos, neste momento, a
assistir, em Portugal, a uma verdadeira operação de branqueamento desta maioria e do Governo que esta
maioria suporta.
Há semanas atrás, o Partido Socialista foi convidado para negociações com esta maioria, na sequência de
uma comunicação ao País do Sr. Presidente da República, em que se dizia que era indispensável para a
salvação nacional que houvesse um acordo entre o PS, o PSD e o CDS. O que hoje verificamos é que não
houve nenhum acordo, mas, pelos vistos, já não há nada para salvar,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. António Filipe (PCP): — … porque a remodelação governamental proposta pelo Sr. Primeiro-
Ministro desta maioria será aceite pelo Sr. Presidente da República.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Bem lembrado!
O Sr. António Filipe (PCP): — Portanto, estamos perante uma verdadeira operação de branqueamento.
É preciso referir que tudo aquilo que o Sr. Deputado disse acerca da crise gerada pelos desentendimentos
dentro da maioria é verdade, mas, depois disso, o Partido Socialista aceitou negociar com a maioria na base
de três pressupostos, que incluíam o cumprimento escrupuloso do Memorando da troica, a assunção de
compromissos de médio prazo para o pós-troica e a aceitação daquela ideia, constitucionalmente muito
criativa, da dissolução da Assembleia da República no prazo de um ano. O Partido Socialista aceitou esses
pressupostos e aceitou, durante toda uma semana, encetar negociações com esta maioria. Goradas essas
negociações, eis que o Governo aparece como que recauchutado e estamos todos a assistir a uma operação
de branqueamento em que, objetivamente, Sr. Deputado, o Partido Socialista colaborou.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Ora bem!
O Sr. António Braga (PS): — Olhe que não!
O Sr. António Filipe (PCP): — O que hoje constatamos é que já ninguém se lembra que houve um
Ministro das Finanças chamado Vítor Gaspar e das medidas que ele aplicou, já ninguém se lembra da
discordância manifestada, irrevogavelmente, pelo líder do CDS em relação à nomeação da Ministra das
Finanças, Maria Luís Albuquerque, e já ninguém se lembra que o Dr. Paulo Portas foi Ministro dos Negócios
Estrangeiros e apresentou a sua demissão.
Esta operação de branqueamento só é possível, porque, de facto, durante aquela semana, o Partido
Socialista, perante um Governo derrotado e em absoluto colapso, prestou-se a dar a mão…