I SÉRIE — NÚMERO 115
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O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Ora bem!
O Sr. António Filipe (PCP): — … e a andar uma semana inteira a realizar oito reuniões com esta maioria,
para chegar à conclusão de que, afinal, não havia acordo. E, Sr. Deputado, há um grande mistério que fica a
pairar no País, que é este: até foi dito, inclusivamente por membros da atual maioria e por atuais membros do
Governo, que o acordo esteve quase, esteve por pouco, e que dará frutos no médio prazo. Fica a perplexidade
perante o País: o que é que os senhores andaram, afinal, a discutir com a maioria, durante toda uma semana,
em oito longas reuniões?
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Não dizem!
O Sr. António Filipe (PCP): — Era muito interessante todos podermos perceber isso, para saber
exatamente o que é que o Partido Socialista estava disposto a aceitar daquilo que a maioria lhe quis propor.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Têm razão! Mas eles não dizem!
O Sr. António Filipe (PCP): — É que, Sr. Deputado, uma coisa é objetiva: aquilo que os senhores
apresentam, como sendo as propostas do Partido Socialista, é contraditório, de facto, com o cumprimento do
Memorando da troica.
Vozes do CDS-PP: — Ora!…
O Sr. António Filipe (PCP): — Portanto, há uma contradição que os senhores, evidentemente, têm de
esclarecer perante o País: os senhores estão ou não com o Memorando que assinaram com a troica?
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Tem, agora, a palavra o Sr. Deputado Telmo Correia.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Alberto Martins, em primeiro lugar,
permita-me que o cumprimente e que não deixe de lhe dizer, em relação à primeira parte e à parte substancial
da sua intervenção, que me parece um pouco desnecessário — e esta é a primeira pergunta que lhe faço —
que o Partido Socialista continue numa lógica de só dizer mal, porque isso, objetivamente, é muito fácil. Ou
seja, o Sr. Deputado referiu o conceito de politiquice ou de intriga política, mas é muito fácil os Srs. Deputados,
que andaram meses ou anos a dizer «não é possível um Governo assim, não é possível um Governo com
superministérios, tínhamos de ter um Governo de formulação tradicional», agora, que têm um Governo que
regressou à formulação tradicional, chegarem aqui e dizerem que o Governo não funciona porque é de
formulação tradicional.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Protestos do PS.
Por outro lado, os Srs. Deputados, que disseram que era preciso uma nova abordagem da economia, que
era preciso uma nova leitura das questões europeias, agora, que o Governo fala nessa lógica e parece até
estar vocacionado para essa lógica, continuam a dizer mal.
A Sr.ª Hortense Martins (PS): — Ainda não vimos nada!