I SÉRIE — NÚMERO 1
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O Sr. Deputado vai fazer uma figura triste se, porventura, disser aquilo que disse na primeira parte da sua
declaração política. Sabe porquê? Porque os portugueses não se identificam com o País que o Sr. Deputado
criou na sua intervenção, pois não é o País em que eles vivem ou o País que sentem.
O Sr. Deputado disse: «O Governo vai cortar nas pensões mais altas», como se isso fosse uma senda de
justiça que vai grassar pelo País. Pergunto: o que são pensões mais altas? O Sr. Deputado tem o
descaramento de dizer que pensões de 600 ou de 700 € são altas?!
O Sr. Pedro Pinto (PSD): — Já vou explicar!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Deputado, por favor, explique aos portugueses o que são
pensões altas. O que são pessoas carenciadas para o Sr. Deputado?
O Sr. Deputado diz que vê a dívida a chegar a bom porto?! Todos nós vemos a dívida a escalar! Não
percebo onde é que está o sucesso que o Sr. Deputado referiu da tribuna.
O Sr. Deputado falou na economia. Fiquei com dúvidas, mas fará o favor de me esclarecer qual é a
previsão de recessão ou de crescimento para o final do ano de 2013. Ter-se-á alterado, Sr. Deputado? É
capaz de fazer o favor de nos informar? Coloco-lhe estas questões porque «não bate a bota com a perdigota».
O Sr. Deputado não se escandalizou com a questão do desemprego, mas as pessoas que também o
ouvem nos seus comícios, se calhar, querem ouvir falar disso.
Sabe por que é que não se escandalizou? Para não ter que trazer soluções, porque os senhores não as
têm.
O Sr. Deputado disse que era necessária uma reforma do Estado, mas fê-lo só em geral, não concretizou o
que é que isso significava. O Sr. Deputado disse assim: «Vamos reformar o Estado». Às vezes, até parece
uma coisa simpática, reformar o Estado é um chavão. Mas não, não é nada simpático, porque reformar o
Estado, para os senhores, é só cortar na vida concreta das pessoas: na educação, na saúde, na segurança
social, no acesso à justiça, em tudo!
Os senhores, quando falam de reforma do Estado, referem, por exemplo, o despedimento de milhares de
funcionários públicos ou, em alternativa (veja bem, Sr. Deputado), pôr funcionários públicos na mobilidade, os
quais no final de um ano ficam praticamente sem forma de subsistência.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — É esta a justiça que o senhor quer levar para Sintra, Sr.
Deputado?! Este é o modelo de Estado que o senhor quer transportar para Sintra?! Não! Os munícipes de
Sintra não merecem isso!
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Pinto.
O Sr. Pedro Pinto (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Miguel Freitas, Sr. Deputado Paulo Sá e Sr.ª
Deputada Heloísa Apolónia, não sei por onde começar.
Penso que os senhores acharam estranho que a esta Câmara viesse um Deputado falar sobre o segundo
maior município do País…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Feira popular de Meleças!
O Sr. Pedro Pinto (PSD): — … como um exemplo do que deve ser o modelo de desenvolvimento para o
País. Percebo-vos.
Comecei por ter o PCP a dizer para eu ir comer queijadas.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Não era para comer mas para distribuir!