18 DE SETEMBRO DE 2013
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organização, nomeadamente o papel estratégico que os Estaleiros Navais de Viana do Castelo desempenham
no desígnio da economia do mar nacional, a dimensão desta empresa, a importância social e económica de
que se reveste e ainda o profundo significado, em termos históricos e culturais, que os Estaleiros têm para a
cidade de Viana do Castelo, para o Alto Minho, para a região Norte e para o País.
É, por isso, Sr. Ministro, que, mais uma vez, estamos aqui a tentar sensibilizá-lo e, sobretudo, conquistá-lo
para uma outra solução que não aquela que o senhor preconiza, a qual, no nosso entendimento, conduzirá
inevitavelmente à descaracterização dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, ao seu desmantelamento e,
entendemos também, claramente à possibilidade do seu encerramento.
Relembramos, e repetiremos até à exaustão, Sr. Ministro, que aquela empresa constrói e repara navios há
mais de 69 anos; aquela empresa é fundamental para a estrutura económica e para o desenvolvimento da
região; aqueles são os únicos estaleiros navais nacionais a fazer construção naval neste País; a empresa tem
620 trabalhadores, pessoas competentes, com larga experiência, com conhecimento adquirido e que, portanto,
são um património que é preciso valorizar e salvaguardar; aquela empresa tem, como sabe, uma encomenda
firme de 130 milhões de euros para construir dois navios, que poderão proporcionar três anos de trabalho a
toda a organização e a todos aqueles trabalhadores.
Outros argumentos haveria mas estes parecem-me, de todos, os mais importantes. Por isso, perguntamos-
lhe, Sr. Ministro, porque é que, durante estes últimos dois anos, em vez de se empenhar em recuperar e
revitalizar aquela empresa, tem fundamentalmente contribuído para que a situação se degrade e para que
empresa vá caminhando no sentido do seu desmantelamento.
Por isso, Sr. Ministro, não nos parece nada razoável que a principal preocupação da sua ação, e do
Governo a que o senhor pertence, tenha sido passar a patacos aquela empresa, desvincular-se e desligar-se
daquela organização.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Tenha vergonha!
O Sr. Jorge Fão (PS): — Contra esta situação têm estado os Estaleiros Navais e os seus trabalhadores,
bem como o Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, que está nas galerias, mais uma vez, a
assistir a este debate e que aproveito para saudar.
Sr. Ministro, primeiro, tentou privatizar, mas falhou rotundamente; agora, quer subconcessionar edifícios,
equipamentos e todo o património daquela organização. O PS opõe-se a esta solução. Esta solução, no nosso
entender, não serve, e por isso apresentamos esta iniciativa no sentido da cessação deste decreto-lei, que
determina a subconcessão.
No nosso entendimento, Sr. Ministro, o interesse público não está salvaguardado e também não vemos
reconhecida a defesa do interesse nacional na decisão de subconcessão.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Tem agora a palavra o Sr. Deputado António Filipe, do PCP.
O Sr. António Filipe (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O Decreto-Lei n.º 98/2013, de 24
de julho, ao assegurar a possibilidade de subconcessão da área atribuída aos Estaleiros Navais de Viana do
Castelo, não faz mais do que preparar a sua privatização, com a agravante de não garantir, nem sequer
valorizar, na escolha do futuro subconcessionário nem a manutenção da atividade de construção naval nem
um só posto de trabalho. Na realidade, estamos perante um novo episódio do já conhecido e inaceitável
processo de destruição dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo.
Desde a primeira hora, e sem qualquer tipo de equívocos, o PCP tem estado na primeira linha da defesa da
construção naval em Portugal. A política dos sucessivos Governos de submissão e dependência aos grandes
grupos económicos e financeiros nacionais e transnacionais tem vindo a destruir uma indústria de base, de
longa tradição em Portugal.
As opções de privatização dos estaleiros navais têm vindo a provocar uma perda de competências e
capacidade industrial, com graves reflexos nas atividades económicas associadas ao extenso território
marítimo e à localização privilegiada de Portugal.