I SÉRIE — NÚMERO 2
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Fão, estamos nós a fazer em dois anos de grandes dificuldades aquilo que o PS destruiu em seis anos de
governação, o que, aliás, é igual ao que tem acontecido noutras matérias em que estamos a governar.
Lembro também que só estamos na subconcessão porque a privatização não pôde acontecer devido às
ajudas ilegais que foram concedidas pelo Governo do Partido Socialista durante seis anos, entre 2005 e
2011,…
O Sr. Jorge Fão (PS): — Não foi isso que o senhor escreveu!
O Sr. Ministro da Defesa Nacional: — … e a subconcessão, Sr. Deputado, vai permitir salvar a indústria
de construção naval em Viana e vai permitir salvar o maior número de postos de trabalho. É esse o nosso
objetivo, é nisso que estamos concentrados e é isso que vai acontecer.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Está inscrito, pelo Bloco de Esquerda, o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.
Tem a palavra, Sr. Deputado.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro, Sr.ª Secretária de Estado, Sr.as
e Srs.
Deputados: Creio que uma matéria desta importância devia passar para lá da trica partidária entre o Governo
atual e o Governo passado. Por isso, começo com um cumprimento àqueles que o merecem efetivamente, os
trabalhadores que se empenharam na defesa de um conhecimento importante para o País e na defesa de um
bem estratégico, ao mesmo tempo que defendiam o que é essencial, os seus postos de trabalho.
De nós, BE, de todos os grupos parlamentares, devem ter sempre uma palavra de agradecimento, porque
depois destas intervenções percebe-se que pretendem jogar o futuro dos Estaleiros Navais de Viana do
Castelo nas confusões da trica partidária, do empurra para um lado e do empurra para o outro e num espaço
de campanha eleitoral. Ora, nisso nós não entramos.
Era de esperar, Sr. Ministro, que, dois anos depois de estar no poder, chegasse aqui com mais do que
confusões, com o jogo de passar culpas do PS. E, já agora, também é verdade que era de esperar do Partido
Socialista mais do que o que tem trazido para este debate.
Mas, Sr. Ministro, dois anos depois, as suas palavras aqui, hoje, demonstraram quais as verdadeiras
intenções do Governo: privatizar. E culpou o PS porque não privatizou, porque o PS tinha feito uma outra
trapalhada que impediu a privatização.
Ora, esse é o mar que nos distancia. O Governo acha que o que é estratégico para o País deve estar nas
mãos dos privados, sejam eles quais forem, e nós sabemos bem de algumas das escolhas que o Governo tem
feito, inclusive no que respeita aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. Mas, para nós, o que é estratégico
deve estar na mão de todos, deve ter uma gestão responsável e era bom ouvirmos aqui uma palavra do Sr.
Ministro sobre as diversas administrações, inclusive a atual, sobre o que têm ou não têm feito, sobre todas as
omissões e as próprias trapalhadas em que têm estado envolvidas.
Também pretendo ouvir do Governo mais alguma coisa do que as palavras de amor repetidas amiúde
sobre uma estratégia para o mar. Como é possível uma estratégia para o mar quando «lavamos as mãos» e
nos demitimos de uma estratégia para a construção naval?
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Muito bem!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Ora, se essa é uma competência que o País tem, como é que o
Governo se demite da gestão dessa competência?
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Muito bem!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Isso é que é incompreensível!