I SÉRIE — NÚMERO 5
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Portanto, ao dizer que é eleitoralismo, o Sr. Deputado errou no alvo, porque eu penso o mesmo há muito
tempo. E continuo a pensar, agora. Na verdade, continuo a dar o meu contributo no sentido de se fazer uma
reflexão séria, ponderada, afastada do alarmismo e da irresponsabilidade do Partido Socialista para, de facto,
se melhorar uma lei que é importante para o desenvolvimento do País, mas que é uma lei socialmente muito
sensível.
É nesse registo que nós nos colocamos, eu não mudei de registo, continuo exatamente no mesmo registo.
Esta lei, para ser eficaz, tem de ser socialmente justa e é com esse objetivo que estamos a trabalhar.
Permita-me que termine dizendo, outra vez, a mesma coisa: por um lado, o Partido Socialista foi
irresponsável ao trazer esta iniciativa. E foi irresponsável porque continuou a utilizar o alarme social. E, Sr.
Deputado, uma vez mais, repito aqui: não há atraso algum na aplicação da lei.
Os efeitos a que alude a iniciativa do Partido Socialista só têm consequências daqui a quatro anos e fique
tranquilo, porque, muito provavelmente, o Partido Socialista, nos próximos quatro anos, não voltará ao poder,
pelo que teremos tempo de concretizar sem o risco de o Partido Socialista nada fazer.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira, de Os
Verdes.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Os Verdes acompanham
as propostas que hoje estamos a discutir, porque, de facto, estamos diante de um conjunto de iniciativas
legislativas que procuram corrigir alguns dos erros mais evidentes do atual Governo. Estamos a falar de erros
que em muito contribuíram para a pobre situação da nossa economia e para a destruição do nosso mercado
interno.
Começando pelas micro, pequenas e médias empresas, que, aliás, assumem um papel absolutamente
central na nossa economia, o que vemos é que o trabalho do Governo se resume ao sufoco.
Diga o Governo o que disser, diga a maioria o que disser, a verdade é que sem dó nem piedade o Governo
continua a sufocar as micro, pequenas e médias empresas.
Estas empresas que trabalham, essencialmente, para o mercado interno acabam por ser vítimas diretas
das políticas do Governo que empobrecem os portugueses, que reduzem substancialmente os rendimentos
disponíveis das famílias e que, por essa via, estão a destruir completamente o mercado interno, simplesmente
porque não há procura.
Mas ainda temos o aumento da carga fiscal que o Governo insiste em agravar e que levou já ao
encerramento de milhares de empresas e à consequente destruição de milhares e milhares de postos de
trabalho.
Um Governo tão amigo dos grandes grupos económicos continua a esmagar as pequenas e médias
empresas.
Basta atender à taxa efetiva de imposto, sobretudo de IRC, que pagam as grandes empresas e compará-la
com a taxa efetiva que pagam as pequenas e médias empresas para termos a dimensão exata da injustiça
fiscal que este Governo está a impor e do desprezo com que este Governo olha para as pequenas empresas,
também visível na reforma do IRC que aí vem e que foi feito a pensar exclusivamente nas grandes empresas.
Mais: temos um Governo que ajuda os bancos com milhões e milhões de euros e que é incapaz de exigir,
pelo menos aos bancos que recebem ajudas do Estado, que sejam obrigados a disponibilizar metas
quantitativas de crédito mais amigo às micro, pequenas e médias empresas. Aquilo que o Governo continua a
fazer às micro, pequenas e médias empresas tem de conhecer um fim, e quanto mais cedo melhor.
Impõe-se, assim, colocar um travão ao mais completo sufoco que as políticas deste Governo estão a
provocar às pequenas e médias empresas.
Mas há outro assunto que também hoje está em discussão e que tem a ver com a taxa do IVA na
restauração, uma matéria sobre a qual todos os partidos da oposição, à exceção de Os Verdes, apresentam
propostas, hoje. Mas não foi por esquecimento que Os Verdes não apresentaram propostas.