4 DE OUTUBRO DE 2013
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profundidade, bem como os impactos da fiscalidade sobre o mesmo. Este é um mérito que tivemos e, por isso,
estamos todos em condições para avaliar de forma diferente, de forma mais profunda, o impacto da fiscalidade
no setor da restauração e, de uma forma geral, no setor do turismo. Foi esse o contributo que demos no último
Orçamento do Estado e é isso que, hoje, também nos propomos discutir e debater, com toda a franqueza.
Também são importantes as medidas que o PCP traz ao debate, naquilo que diz respeito aos apoios para a
interioridade, aos apoios relativos ao regime fiscal, em sede de IVA, para os agricultores. São discussões que
vale a pena termos, numa base de frontalidade parlamentar, e que, naturalmente, terão correspondência, da
parte da maioria.
Começo pela medida que tem a ver com o IRC.
Srs. Deputados do Partido Socialista, fiquem tranquilos que, no objetivo que é comum e que temos a
expectativa de que VV. Ex.as
possam partilhar, iremos, naturalmente, viabilizar a vossa proposta relativa à taxa
de IRC para as pequenas e médias empresas. Para quê? Para que possamos fazer essa discussão em
conjunto, em sede da reforma mais ampla que estamos a realizar no Código do IRC. É esse o nosso objetivo:
lutar pelo interesse nacional e defender uma fiscalidade mais atrativa, mais robusta, no interesse das
empresas. Esse documento é conhecido, essa reforma está lançada e será debatida, muito brevemente, nesta
sede parlamentar. Era este contributo que gostaríamos de receber, da parte de todas as bancadas.
Passando ao IVA da restauração, cumprimento, antes de mais, os representantes da AHRESP, que estão
hoje a assistir a este debate.
Mas, hoje, é importante colocar este debate nos termos corretos. O Partido Socialista, pela voz do seu
Secretário-Geral, tem dito, várias vezes, que o aumento da taxa do IVA da restauração significou um conjunto
de consequências no setor, no emprego e também ao nível da chamada «consolidação orçamental».
Primeiro, o Partido Socialista diz que houve prejuízo para o Estado, com o aumento do IVA da restauração,
e esta é a primeira mentira que importa clarificar. Ora, aquilo que o estudo nos diz é que não! O estudo diz-nos
que houve, de facto, um acréscimo da receita do IVA da restauração, o qual significou, em termos líquidos, um
valor próximo de 172 milhões de euros, que é um valor com algum significado.
A Sr.ª Hortense Martins (PS): — Não é nada disso que lá diz!
O Sr. Paulo Batista Santos (PSD): — A segunda mentira que também importa esclarecer e debater, de
uma forma franca, é que a medida de aumento do IVA da restauração para 23% tenha significado o
encerramento de cerca de 40 000 empresas. Srs. Deputados, aquilo que foi possível apurar foi que esse
número nem sequer se aproxima da realidade e, felizmente, em 2013, o saldo líquido de empresas
constituídas, face às que encerraram, é um saldo positivo. Portanto, também não reconhecemos esse
argumento.
Protestos do PS, do PCP e do BE.
Outro argumento que também é uma mentira tem a ver com a destruição de cerca de 100 000 postos de
trabalho no setor. Srs. Deputados, nós reconhecemos — naturalmente, só um cego não o vê — que o setor
sofreu com aquilo que decorre do ajustamento fiscal e da crise que, infelizmente, todos vivemos, mas não são
esses números que resultam dos dados oficiais que o estudo nos apresenta. O que estes números nos dizem
é que já em 2011 o número de desempregados com origem neste setor ascendia a cerca de 55 000, tendo-se
verificado, no ano seguinte, um acréscimo de 7800 desempregados. Estes são os números que resultam do
ajustamento que o País está a fazer, e que este setor também está a fazer.
Agora, o que importa — e foi isto que VV. Ex.as
, hoje, aqui não vieram fazer, mas que nós queremos fazer
de uma forma séria — é encontrar as soluções, decorrentes do estudo e da análise que foi feita. Convém ao
Parlamento fazê-lo em sede orçamental, e fazê-lo bem, tirando as devidas conclusões do estudo realizado
pelo Governo.
A Sr.ª Hortense Martins (PS): — Tenho várias perguntas para lhe fazer sobre esse estudo!