5 DE OUTUBRO DE 2013
9
Aplausos do PS.
O Primeiro-Ministro de Portugal tem a ousadia, depois de ter falhado uma promessa eleitoral, de vir dizer
que não há cortes retroativos nas pensões?! Está a enganar quem, Sr. Primeiro-Ministro? Diga isso aos
reformados e pensionistas, a quem o senhor corta essas pensões.
E o que é que diz ao Dr. Pedro Passos Coelho, que, em abril de 2011, dizia que fazer um corte retroativo
nas pensões era o Estado apropriar-se de dinheiro que não era seu?! É que as pensões destes portugueses,
ao contrário do que o senhor pensa, não são um privilégio. Eles descontaram uma vida inteira, todos os meses
levaram menos salário para casa para poderem ter direito a essa pensão! Além disso, havia uma promessa do
senhor, e o senhor está a fazer esse corte retroativo.
O Sr. Primeiro-Ministro não tem sensibilidade nenhuma, porque não é só já um problema de falhar essa
promessa. É que, hoje, uma reforma não governa apenas a casa dos reformados, ajuda muitos filhos, muitos
genros e muitas noras que estão desempregados. E, neste mês de setembro, ajudou muitos netos a
comprarem livros e material escolar para poderem ir à escola nas mesmas condições em que foram os netos e
os filhos das famílias que ainda têm posses.
Aplausos do PS.
É de uma enorme insensibilidade social!
Por isso, digo-lhe: o Partido Socialista votará contra essa sua decisão. E se ela for aprovada, como tudo
indica, neste Parlamento, enviaremos para o Tribunal Constitucional. E se, mesmo assim, entrar em vigor,
quando o Partido Socialista for Governo, nós revogaremos essa lei, porque é uma lei injusta, uma lei iníqua e
uma lei imoral.
Aplausos do PS.
Portanto, fica a saber, Sr. Primeiro-Ministro, o que vale a nossa palavra.
Depois, o Sr. Primeiro-Ministro veio falar em cumprir as metas. Mas diga-me uma meta que tenha
cumprido!?
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Sim, diga uma!
O Sr. António José Seguro (PS): — Foi a meta do défice orçamental? Não cumpriu nenhuma. Foi a
dívida? Não cumpriu nenhuma. E mesmo sobre o regresso a mercados, no famoso dia 23 de setembro, data
mítica que o Dr. Vítor Gaspar tinha fixado, se regressássemos, nessa altura, a mercados, como é que estava a
nossa taxa a 10 anos? Estava superior a 7%.
Há, por outro lado, um problema-base: o Sr. Primeiro-Ministro não percebe que foi «a austeridade a mais»
que liquidou o nosso Programa de Ajustamento.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. António José Seguro (PS): — O Sr. Primeiro-Ministro foi para além do que estava previsto, duplicou!
Mais: vai aplicar novos cortes na educação, na saúde e nas reformas por sua única responsabilidade, que
estão traduzidos naquela carta que o senhor, em maio, enviou à troica e que só o vincula a si, porque não
ouviu ninguém. Aí é que está o problema essencial!
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Primeiro-Ministro, faça favor.