10 DE OUTUBRO DE 2013
33
Sobre as medidas que têm a ver com a pensão de sobrevivência, de facto, não conhecemos os
pormenores. Mas essa não é responsabilidade da oposição. Não foi a oposição que divulgou a medida dos
cortes nas pensões de sobrevivência!
Aplausos do PS.
Não foi a oposição que disse que não sabia muito bem o que era essa medida, apesar de a ter acordado
com a troica! Não foi a oposição que lançou este alarme social junto dos idosos! Foi o Governo que o fez!
Então, o Governo que o resolva! Não nos peça a nós que resolvamos os problemas do Governo.
Aplausos do PS.
Sr.ª Deputada, há um aspeto que é muito importante em todo este debate, que é aquele que tem a ver com
a justificação das políticas que um Governo assume. E, sobre a Caixa Geral de Aposentações e as pensões
de sobrevivência, quase podia responder-lhe apenas citando (várias vezes, para não haver dúvidas) alguém
que disse que «todos aqueles que produziram os seus descontos e que têm hoje direito às suas reformas e às
suas pensões deverão mantê-las no futuro…» — repito, deverão mantê-las no futuro! — «… sob pena de o
Estado se apropriar daquilo que não é seu». Quem é que disse isto? Passos Coelho, em 2011!
Aplausos do PS.
Sr.ª Deputada, seria perfeitamente legítimo, do ponto de vista da prática parlamentar, responder-lhe apenas
com esta citação.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — E à bancarrota o que é que responde?!
O Sr. Vieira da Silva (PS): — Não é legítimo cortar pensões que já foram atribuídas. Não é legítimo cortar
pensões para as quais as pessoas descontaram.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Vieira da Silva (PS): — E, como sabe, Sr.ª Deputada, quer as pensões da Caixa Geral de
Aposentações quer as pensões de sobrevivência, são, na sua esmagadora maioria, em mais de 90%, pensões
de natureza contributiva. Por isso, se acreditarmos na afirmação do atual Primeiro-Ministro Passos Coelho —
o que, confesso, não é fácil —, são pensões que não podem ser cortadas aos atuais pensionistas.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge
Machado.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Vieira da Silva, efetivamente as medidas
que aqui foram explanadas, quer o corte nas pensões de sobrevivência quer o corte nas pensões dos
trabalhadores da Administração Pública pela dita «convergência dos sistemas», são verdadeiramente uma
obscenidade social que terá consequências dramáticas na vida das pessoas.
Vozes do PCP: — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — E nós não queremos aqui descurar este pormenor. As consequências na
vida dos idosos e dos reformados do nosso País serão verdadeiramente inaceitáveis. Estas medidas serão
uma página negra na nossa história e um contributo para o agravamento da pobreza entre os reformados no
nosso País, de direta responsabilidade do PSD e do CDS-PP.