I SÉRIE — NÚMERO 7
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empresários, aos trabalhadores, aos portugueses, que tantos sacrifícios fizeram para conseguirmos chegar a
este ponto e estarmos tão perto do fim do plano de assistência económica e financeira?!
E não somos nós que o dizemos, nem foi V. Ex.ª que o disse; são a OCDE, o Banco de Portugal, no último
relatório divulgado ontem, e o Eurostat que dão nota de um crescimento trimestre após trimestre, mesmo um
crescimento maior do que o da média da Europa a 27 e até da zona euro. Como é possível, pois, ainda assim,
este apoucar do esforço dos portugueses, das empresas e dos trabalhadores?
Como é possível que o bloco à esquerda do Partido Socialista faça uma opção de classe, quando o
Governo, num esforço de solidariedade, pretende tirar àqueles que têm mais um pouco para dar aos que têm
menos ou quase nada?! Nesse caso, a posição do bloco à esquerda do PS é a de estarem contra e acharem
que é errado.
Portanto, diz bem o Sr. Deputado que não podemos contar com a oposição nem com o Partido Socialista
nem com o bloco à esquerda do PS para continuar esse esforço que aqui tão bem retratou e que demonstra
que estamos, de facto, no bom caminho.
As minhas perguntas são muito simples, Sr. Deputado. No fundo, quero perguntar-lhe se, da sua
experiência parlamentar, considera que estas duas avaliações conjuntas, que trouxeram ao espectro
português não a solução, não a resolução de todos os problemas, mas um sinal de esperança que é revisto e
espelhado nos dados que hoje e ontem nos foram dados a conhecer pelo Banco de Portugal, são ou não,
verdadeiramente, um sinal, uma luz ao fundo do túnel. Há ou não, quer seja na produção industrial, quer seja
no indicador de clima de confiança, quer seja no setor automóvel, que, inclusivamente, sei que foi matéria em
que trabalhou com afinco, sinais que nos podem levar a ter alguma esperança?
Quero ainda perguntar-lhe se não considera ser fundamental o maior partido da oposição dar um pequeno
sinal de responsabilidade, um pequeno sinal de opção pelo País, um pequeno sinal de opção pelo esforço dos
portugueses — o que não aconteceu ainda agora na intervenção a que acabámos de assistir —, para que
possamos, em conjunto com os que têm a obrigação de governar o País, uma noção exata de que não
podemos ter as mesmas receitas para resolver problemas do passado.
Aplausos do CDS-PP e de Deputados do PSD.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Batista Santos.
O Sr. Paulo Batista Santos (PSD): — Sr.ª Presidente, permita-me que, novamente através de V. Ex.ª,
agradeça as palavras que simpaticamente me dirigiu e também, se me permitem, a forma cordial e amiga com
que os colegas que intervieram se dirigiram à minha pessoa.
Começo por me dirigir ao Sr. Deputado Pedro Filipe Soares. Na mesma linha das intervenções dos Srs.
Deputados João Ramos e Rui Paulo Figueiredo, com a lealdade com que sempre travámos os nossos debates
políticos e com que confrontámos as nossas divergências, quero dizer a V. Ex.ª que, relativamente ao
cumprimento das metas que Portugal estabeleceu, é muito importante termos presente que o Programa de
Ajustamento é um Programa dinâmico e que é bom reconhecer que tivemos nove — repito, nove! —
avaliações positivas! E se foram positivas é porque conseguimos cumprir os indicadores e as metas
quantitativas.
Aliás, permitam-me uma comparação simples de perceber, que até se aplica mais ao Sr. Deputado Rui
Paulo Figueiredo — é conhecida a sua simpatia clubística: os senhores, às vezes, parecem aquele adepto que
não gosta do treinador e que prefere que a sua equipa perca para que o treinador seja corrido, que haja a
chicotada psicológica.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Só marcam golos fora da baliza!
O Sr. António Filipe (PCP): — Não tarda nada, estão a correr com o Passos Coelho!
O Sr. Paulo Batista Santos (PSD): — Não, nós, Grupo Parlamentar do PSD e a maioria queremos que
Portugal vença sempre, em qualquer circunstância. Preferimos que os indicadores sejam positivos. E não há
dúvida nenhuma, Sr. Deputado, acerca do que o Banco de Portugal ainda ontem mesmo disse e que a OCDE