10 DE OUTUBRO DE 2013
31
Porque esta é uma política preguiçosa e medíocre, que se destina, apenas e só, a tapar o fracasso da
política de consolidação orçamental.
Aplausos do PS.
E não se diga que é a sustentabilidade da Caixa Geral de Aposentações que move este corte, que
cinicamente se promete reversível nos amanhãs que cantarão. É verdade que o Estado tem de fazer
importantes transferências para a CGA, mas não é menos verdade que durante décadas o Estado não
contribuiu com a sua parte para o financiamento do sistema público de pensões. Não o fez e poderá haver
boas razões para tal, mas o que não se pode fazer é, agora, para centenas de milhares de pensionistas,
muitos deles com 70 anos ou mais, depois de se terem reformado há longo tempo, vir-se dizer: «Desculpem
lá, mas as regras do jogo mudaram.»
Aplausos do PS.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — O senhor é a cara da bancarrota!
O Sr. Vieira da Silva (PS): — Não é politicamente sério e não é socialmente aceitável.
Aplausos do PS.
Como o não é, por maioria de razões, o corte nas pensões de sobrevivência. Mais uma vez não se trata de
uma razoável proposta para o reequilíbrio futuro do sistema de pensões. Trata-se de cortar pensões
contributivas já atribuídas a milhares de idosos em situação de fragilidade familiar e humana.
Aplausos do PS.
Não estamos a falar das pensões milionárias.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Quem disse?
O Sr. Vieira da Silva (PS): — Essas, se as houvesse na sobrevivência, seriam já fortemente cortadas pela
guilhotina fiscal. Trata-se de rendimentos baixos e médios, tantas vezes partilhados por famílias em
dificuldades.
Esta proposta, escondida pela sua óbvia incompatibilidade, com a tese Portas da ausência de mais
austeridade, é uma proposta incompetente e imoral. Provocou o terror e a instabilidade social onde é menos
aceitável.
Não, Sr. Primeiro-Ministro, não é a oposição que lança o alarme, é o seu Governo que faz o mal e a
caramunha.
Aplausos do PS.
É o mesmo Governo que propõe a TSU dos pensionistas e depois se vangloria de a ter derrubado.
Sr.as
e Srs. Deputados, não vale a pena agitarem os princípios consensuais da convergência e da
sustentabilidade, porque eles não são o mote destas medidas. Façamos o debate dos cortes nas pensões.
Ficará claro que há limites para a decência na política, mas este Governo não os conhece.
Aplausos do PS.