I SÉRIE — NÚMERO 7
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A Sr.ª Rita Rato (PCP): — É mentira! É mentira!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — … «maior esforço daqueles que mais têm e não à classe média», «Não
optámos por medidas que poderiam deteriorar mais a coesão social ou o rendimento das famílias».
Isto é claramente mentira, porque, passados poucos dias, estas mesmas declarações feitas pelo Ministro
de Estado e pela Ministra das Finanças foram desmentidas.
A verdade é que temos as medidas de austeridade do Orçamento do Estado de 2013, acrescidas do
pacote de austeridade anunciado em maio e das novas, que agora serão incluídas no Orçamento do Estado
para 2014.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — É austeridade a somar a mais austeridade!
Portanto, aquilo a que assistimos naquela conferência de imprensa foi a um exercício de ilusionismo
político.
Mais: consideramos que é ilegítimo este corte. E o exemplo que sempre é dado — e a mesma técnica foi
utilizada pelo Partido Socialista aquando do corte em prestações sociais, nomeadamente no rendimento social
de inserção e no complemento solidário para idosos — é o das pessoas que recebem 5000 ou 6000 € e que,
depois, é preciso tomar medidas para cortar nestes abusos.
A verdade é que nós assistimos a, quer no complemento solidário para idosos, quer no rendimento social
de inserção, com a desculpa destas poucas exceções que existem na nossa sociedade, ao corte dos direitos
de milhares, milhares e milhares de portugueses.
Vozes do PCP: — É verdade!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Foi a desculpa para cortar num direito que é verdadeiramente
fundamental.
E agora o PSD e o CDS-PP preparam-se para utilizar exatamente a mesma estratégia de dizer que há
casos de abusos ou de situações que poderiam, de alguma forma, considerar-se ilegítimas (mas não são
porque, importa aqui reafirmá-lo, os trabalhadores descontaram para aquele direito), mas a verdade é que o
PSD e o CDS-PP utilizam essas situações, que são raríssimas, para justificar um corte que vai atingir milhares
e milhares de reformados. Nós consideramos dramáticas e ilegítimas as consequências que esses cortes irão
ter na vida concreta dos reformados.
Algum Sr. Deputado presente neste Plenário considera que a grande maioria dos reformados portugueses
vive uma situação desafogada que permite viver com as condições que merecem? Não! Nós temos,
infelizmente, no nosso País uma situação dramática de pobreza entre os reformados.
Bom, o que o PSD e o CDS-PP se preparam para fazer é agravar ainda mais as condições de vida destes
reformados, o que irá ter, como disse, consequências verdadeiramente inaceitáveis.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado João Pinho de Almeida.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Jorge Machado, vamos diretos
ao ponto: dissimulação. Dissimulação é tentar convencer a opinião pública de que se sabe qual é o desenho
concreto de uma medida, que se sabe quem é que são diretamente os afetados e que se sabe em que medida
é que essas pessoas são afetadas.
Protestos do PCP e do BE.
O Sr. Deputado não sabe, nenhum de nós sabe qual é o desenho dessa medida.