12 DE OUTUBRO DE 2013
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Administração Pública existe em função de um serviço público que presta. Por isso, há que ajustar o quadro às
necessidades efetivas desse serviço e às possibilidades financeiras que esse serviço tem. Verificando-se
sucessivos prejuízos, é reequacionada a situação.
Portanto, há critérios perfeitamente definidos que têm a ver com o respeito por aquilo que é um serviço
público.
Agora, em coerência, não podemos dizer… Eu também discordo da decisão do Tribunal Constitucional,
respeito-a, como é evidente, mas é uma decisão, é uma interpretação que o Tribunal Constitucional,
nomeadamente os juízes que votaram a favor dela maioritariamente, fizeram.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Princípio da confiança! Constituição da República!
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Eu posso discordar, como todos nós podemos discordar, livremente. Ao
decidir que aquela norma era inconstitucional porque estava a frustrar as legítimas expetativas de trabalho
para a vida de quem está na Administração Pública, eu posso perguntar em que situação é que ficam os três
ou quatro milhões de portugueses que estão no setor privado,…
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Constituição! Princípio constitucional!
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — … em que situação é que fica o reequilíbrio das contas do Estado, os 70%
de despesa corrente que o Estado tem com remunerações e com prestações sociais, onde é que fica a
racionalização do Estado português, onde é que fica a possibilidade de, através dessa racionalização, se
diminuir a carga fiscal às empresas, onde é que fica, através disso, a folga que as empresas vão ter para
poder melhorar as condições salariais dos seus trabalhadores, os tais 4 milhões de portugueses. Fica tudo,
peço desculpa, enfiado num cesto! No discurso dos senhores, fica tudo enfiado num cesto, e bem fundo, mas
continuam a vir para aqui com discursos públicos do tipo: «Coitadinhos dos trabalhadores do setor privado, da
precariedade, dos baixos vencimentos!».
Protestos do PCP e do BE.
Meus senhores, temos de ser coerentes com o nosso discurso.
Ninguém quer despedimentos em massa na Administração Pública. Esta requalificação tem a ver,
simplesmente, com racionalização e nos serviços onde se vê que há deficiência económica crónica e excesso
comprovado de pessoal face às necessidades desses serviços os trabalhadores vão para a requalificação e
têm um ano para ser recolocados, através dessa requalificação, em outros serviços da Administração Pública.
Protestos da Deputada do BE Mariana Aiveca.
Qual foi a outra norma que foi alterada e sobre a qual os senhores, aqui, não se pronunciaram? É a
possibilidade de quem vai para a mobilidade especial acumular com o vencimento no setor privado. Sobre
isso, os senhores nada disseram, porque acumular não vos faz a mínima impressão, não vos causa espécie
nenhuma, acham normal.
O que é que esta proposta vem introduzir? Uma racionalização. A partir de determinado montante, há uma
racionalização, há cortes que são ajustados, para que uma pessoa não se encontre na situação de estar a
ganhar em pleno como trabalhador do setor público, a ser pago onde não está a prestar trabalho, e, como
trabalhador do setor privado, a ir buscar outro ordenado idêntico.
Mas esta proposta irá baixar à especialidade e aí os senhores terão oportunidade de apresentar as vossas
propostas, e eu terei toda a curiosidade em vê-las.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — A Mesa regista a inscrição do Sr. Deputado Nuno Sá para uma
segunda intervenção.