18 DE OUTUBRO DE 2013
37
sexo; apoio do Estado aos estabelecimentos do ensino particular e cooperativo; procedimento de mudança de
sexo e de nome próprio no registo civil.
Queremos saudar os peticionários pelos temas que aqui nos trazem e que não devem estar de modo
algum arredados da discussão pública.
Não tendo havido iniciativas legislativas deste partido ou desta bancada parlamentar, verificamos, muitas
vezes, que defender o futuro é muito mais abrangente do que lidar com as consequências ou os efeitos de
problemas sociais. No caso, destacamos a necessidade de monitorização do impacto e o alcance dessa
legislação em trabalho aturado superveniente e necessário, mas que não pode ser meramente estatístico.
Devo salientar também que, aquando da discussão dos diplomas referidos, o PSD teve sempre uma
posição maioritariamente contrária, mesmo quando teve liberdade de voto, no passado.
No entanto, as questões postas em evidência por agregado nesta petição pública não são perspetivadas a
partir das ligações que possam ter entre si, nem a partir de reflexão orientada pelo rigor científico. Mas,
nalgumas matérias, como no caso do ensino particular e cooperativo, houve já avanços significativos,
encontrando-se o diploma para pronúncia por parte do Sr. Presidente da República.
Ainda assim, reconhecendo, em sentido geral, o enquadramento e a filosofia subjacente a esta petição, o
Grupo Parlamentar do PSD considera que o agregado normativo a que a petição alude como um conjunto tem
natureza, conteúdo e complexidade amplamente heterogénea. Também por esse motivo foi objeto de
apreciação em três comissões.
Os problemas sociais em causa aparecem como orientadora de uma linha de pensamento que representa
uma visão possível desses problemas, mas descarta a diversidade do tecido social na sociedade e a riqueza
de perspetivas teóricas e conceções ideológico-filosóficas. A contradição resulta do facto de a petição ser
dirigida à consideração de outras perspetivas, quando, ela própria, parece excluir a diversidade rica de
alternativas que solicita.
Também é verdade que compreender a causa das coisas é fundamental para tomar decisões políticas
responsáveis, conscientes e consequentes. A petição sugere que os diplomas em causa serão destruidores
dos pilares estruturantes da sociedade. É importante perceber, de facto, quais são eles.
Quero aludir ao facto de o novo estatuto do ensino particular e cooperativo já consagrar pontos que são
reclamados nesta petição no sentido de hoje a liberdade corresponder tanto à de ensinar como à de aprender.
Aparece, assim, uma nova forma de adesão das famílias e dos alunos à escola que frequentam e à
igualização da escolha, até aqui negada.
Concluo salientando o histórico desta bancada e do Partido Social Democrata nestas matérias.
O PSD foi sempre contra a maioria delas, mas considera que estes assuntos devem voltar a ser debatidos,
não podendo estar arredados da discussão pública. Contudo, o sentido de oportunidade terá de ser visto em
momento mais adequado, e não nos parece que este o seja.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Teresa Anjinho.
A Sr.ª Teresa Anjinho (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Permitam-me que comece
também por cumprimentar, em nome do CDS, os peticionários presentes e saudar a iniciativa ora em
discussão.
Nunca é demais afirmar que o direito de petição é um importante exercício de um direito de cidadania, no
quadro de uma desejável democracia participativa.
Um Estado forte é um Estado com uma sociedade civil forte e uma sociedade civil forte é uma sociedade
que participa, assumindo a sua responsabilidade nas diversas dimensões que compõem essa mesma
sociedade, ora monitorizando, ora responsabilizando, ora cooperando.
Segundo os peticionantes, é imperativo que a Assembleia da República proceda a uma adequada
avaliação dos resultados das leis, em relação às quais deve ser promovida a respetiva alteração ou
revogação, conforme as circunstâncias o permitam ou aconselhem.
Feito este enquadramento preambular, cabe fazer uma primeira observação, mais em tom crítico, em
relação ao objeto da petição.