26 DE OUTUBRO DE 2013
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Sr. Deputado, ponha o problema ao contrário: o Sr. Deputado terá de dizer, porventura, à população do
Algarve porque é que considera que elas não são merecedoras da requalificação total desta linha ferroviária
ao nível da sua mobilidade e do desenvolvimento regional e económico da sua região.
O Sr. Deputado apresentará uma conta estrondosa, mas fará o seguinte, se não se importar: retire desse
seu montante os custos que a população do Algarve paga e que o País paga pelo facto de a requalificação
não ser feita, ou seja, o que é que esta população e o País perdem por não terem esta linha ferroviária
requalificada, designadamente ao nível económico e de implementação de investimento.
Sabe porquê, Sr. Deputado? Porque as empresas também se instalam onde a mobilidade está presente.
O Sr. Mendes Bota (PSD): — Sr. Presidente, peço a palavra.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para que efeito, Sr. Deputado?
O Sr. Mendes Bota (PSD): — Para interpelar a Mesa, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Mendes Bota (PSD): — Sr. Presidente, gostaria de pedir que a Mesa providenciasse a distribuição a
todas as bancadas do despacho n.º 11 215-A/2013, de 23 de agosto, que criou um grupo de trabalho para
recomendar investimento em infraestruturas de elevado valor acrescentado, num quadro da consolidação
orçamental e da definição de prioridades de investimento em infraestruturas, à luz da preocupação de utilizar o
novo ciclo de fundos comunitários de 2014-2020.
Creio que este despacho fará muita falta para que os Srs. Deputados reflitam e aguardem o resultado
desse grupo de trabalho que já está previsto para dentro de poucos dias.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Será distribuído, Sr. Deputado.
Srs. Deputados, estes projetos de resolução serão votados no final do debate de hoje no período
regimental de votações.
Vamos passar à discussão, na generalidade, do projeto de lei n.º 414/XII (2.ª) — Cria o arquivo sonoro
nacional (PCP) conjuntamente com o projeto de resolução n.º 854/XII (3.ª) — Recomenda ao Governo a
proteção dos documentos sonoros que sejam parte do Património Cultural Português (CDS-PP e PSD).
Para apresentar o projeto de lei, tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Tiago.
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O projeto de lei que o PCP hoje
apresenta para a criação do arquivo sonoro nacional dá resposta a uma lacuna e a uma insuficiência do nosso
serviço público de arte e cultura, dos mecanismos de preservação do património e de valorização cultural para
a salvaguarda do património imaterial constituído pela sonoridade — a música, as várias expressões musicais,
os instrumentos, a produção musical, artística, cultural, folclórica — que se produz por todo o País e sobre a
qual existe uma profunda ignorância, porque ela não está nem compilada nem tratada a não ser por privados
ou colecionistas que se dedicam a esse estudo, o realizam e o organizam por motivos próprios, ainda que
essa disponibilidade não seja assegurada ao público em geral.
Assim, à semelhança, infelizmente, do que já se vai passando com outras dimensões do património cultural
português, que está votado ao abandono por força da política de direita e da submissão ao pacto de agressão
que foi assinado entre o PS, o PSD e o CDS e as instituições estrangeiras — o FMI, o Banco Central Europeu
e a Comissão Europeia —, há aqui uma dimensão da nossa cultura que sofre ainda mais com essa política
pela inexistência total de resposta.
Não existe um arquivo que possa compilar, arquivar e inventariar essas dimensões do nosso património
cultural, a que acresce também a total insuficiência e inexistência de arquivo, quer seja radiofónico ou
fonográfico, que se destine também a funcionar como uma espécie de depósito legal, ou mesmo como um
depósito legal propriamente dito, para a produção artística musical atualmente produzida em Portugal.