26 DE OUTUBRO DE 2013
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O Sr. Miguel Tiago (PCP): — O senhor vive em que país?!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP) — Não será na Checoslováquia, com certeza!
O Sr. Rui Jorge Caetano (CDS-PP): — É algo que também deve ser devidamente ponderado, porque não
surge como evidente que o melhor caminho seja centrar ambas as atividades numa só entidade.
Assim, não me resta mais do que realçar a necessidade de proceder à proteção do património cultural
sonoro, mas reconhecendo igualmente que fazê-lo sem antes avaliar as questões anteriormente referidas
seria irresponsável e, ainda mais grave, poderia conduzir a uma situação de bloqueio na resolução do
problema identificado, que, de facto, urge resolver.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria Manuela Tender para uma
intervenção.
A Sr.ª Maria Manuela Tender (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: A salvaguarda,
preservação e valorização do nosso património cultural, material e imaterial, interdependentes e
complementares na construção da nossa memória coletiva e da nossa identidade cultural comum, é um dever
de cada cidadão e é também um dever do Estado, nos termos dos artigos 78.º e 9.º da Constituição da
República Portuguesa.
Este património cultural é extremamente rico e heterogéneo. Porém, o enquadramento institucional da
proteção desse património não foi linear nem homogéneo na diacronia, sendo mais recente a preocupação
com a preservação do património cultural imaterial, onde se têm registado progressos consideráveis, desde a
ratificação da Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, da UNESCO.
Os diplomas que agora discutimos incidem sobre uma dimensão do nosso património cultural imaterial que
carece de enquadramento institucional e que integra documentos de valor inestimável, como registos de
interesse histórico, artístico, sociológico, etnográfico ou outros que possam existir ou ser criados sob a forma
de som gravado e não apenas a música, sobretudo do domínio da etnomusicologia ou registos radiofónicos.
Esta dimensão do nosso património cultural precisa de medidas de proteção sistemática que assegurem a
sua classificação, inventariação, preservação, promoção e acessibilidade para fruição ou para fins de estudo e
investigação, com a sistematização e especialização necessárias.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Maria Manuela Tender (PSD): — Pese embora o trabalho de alguns cidadãos e de algumas
instituições públicas e privadas que têm tido um importante papel no armazenamento, salvaguarda ou mesmo
promoção de acervos sonoros, lembramos o trabalho precursor de Giacometti, com a criação dos arquivos
sonoros portugueses em 1960, os registos sonoros do Museu Nacional de Etnologia, os registos fonográficos
detidos pelo Museu da Música, pelo Museu Nacional do Teatro, pelo Museu do Fado, pelo Museu da Música
Portuguesa, por outros museus e por diversas universidades, bibliotecas e fonotecas.
Entendemos que o Estado deve assumir nesta área a responsabilidade que tem assumido noutras, sob
pena de perdermos ou deixarmos degradar parte do nosso património sonoro disperso.
Cientes da importância da salvaguarda do património nacional sonoro, musical e radiofónico, os Grupos
Parlamentares do PSD e do CDS-PP recomendam ao Governo, através do projeto de resolução em
discussão, que avalie realisticamente aspetos conceptuais, envolvendo as entidades competentes do setor
numa discussão e numa reflexão sobre a definição e a delimitação do objeto a proteger; aspetos também
institucionais, avaliando se a assunção desta responsabilidade por parte do Estado teria necessariamente de
implicar a criação de um novo organismo, como propõe o projeto de lei do PCP, ou se poderia ser enquadrada
numa instituição já existente; finalmente, e não menos relevante, aspetos orçamentais, avaliando os custos
inerentes às opções anteriores e a viabilidade financeira das mesmas.