I SÉRIE — NÚMERO 15
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O Sr. João Oliveira (PCP): — O Estado paga, mas não manda!
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Por último, queria ainda que me dissesse se também não é verdade que,
através deste mecanismo, a salvaguarda dos depositantes, nomeadamente daqueles que têm depósitos até
100 000 €, fica verdadeiramente correspondida em forma de lei.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Portanto, Sr.ª Ministra, a confiança no sistema financeiro é muito
relevante, porque o sistema financeiro é fundamental para a recuperação da economia portuguesa.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra, também para pedir esclarecimentos, a Sr.ª Deputada
Mariana Mortágua.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr. Presidente, Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças, voltamos sempre
ao mesmo debate, sempre à mesma razão. Há um argumento para se utilizar dinheiro público, ou seja, a
capacidade de endividamento do Estado, quer seja uma dádiva quer seja um empréstimo, e injetar esse
dinheiro na banca, porque se considera que a estabilidade financeira e a garantia de financiamento da
economia — e, sim, também da economia privada — são bens essenciais para o funcionamento da economia.
O que não se percebe é como é que o Estado compreende que esta é uma necessidade pública, e injeta o
dinheiro por isso, mas não garante que isso seja feito.
Portanto, continuamos sem perceber como é que o princípio «quem paga manda» é tão inquestionável no
caso de um País soberano, é tão inquestionável quando se trata de retirar direitos, quando se trata de cortar
salários, quando se trata de quebrar todos os contratos que foram assinados com o povo, com os
trabalhadores do Estado e com os pensionistas, mas não se aplica à banca. Porque, no caso da banca,
«quem manda não paga», pois quem manda continua a ser os banqueiros e quem paga é o povo! E não vale
a pena dizer que é uma questão de dádiva, é um empréstimo feito à banca!
O Governo e os Srs. Deputados de direita vêm aqui dizer, várias vezes, «nós não mandamos nada, quem
manda é a troica, porque é a troica que paga»!
Pergunto: se queremos ser coerentes, por que é que no caso da banca, se quem paga somos nós, não
mandamos nós?!
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado Pedro
Nuno Santos.
O Sr. Pedro Nuno Santos (PS): — Sr. Presidente, Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças, a Sr.ª Ministra e
o Governo continuam a achar que primeiro tem que se tratar da saúde financeira do sistema bancário
português e depois é que se trata da economia ou do crescimento da economia.
Ora, ainda hoje, parecem não compreender que é exatamente o contrário, que a melhor forma de
recapitalizarmos a banca portuguesa é recapitalizar os seus clientes. Não é possível continuarmos a reforçar a
solidez financeira da banca e, ao mesmo tempo, retirar milhares de milhões de euros da economia portuguesa.
Fazer isso, fazer o que temos feito, é como deitar água num balde com um buraco,…
Aplausos do PS.
… precisaremos, continuamente, de reforçar a solidez do sistema financeiro.
Se a estratégia da Sr.ª Ministra funcionasse, não continuávamos a ter necessidade de, permanentemente,
reforçar a solidez da banca e teríamos já a economia a crescer, a crescer a sério!