I SÉRIE — NÚMERO 16
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O Sr. Bruno Dias (PCP): — O mesmo não se aplica aos trabalhadores!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — … não só a quem recebe agora mas também às novas gerações que
estão a descontar e que têm direito a receber as suas pensões, no futuro!
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Isso é muito importante, Sr. Primeiro-Ministro, reforçando assim a ideia solidarista de quem não congela
pensões, de quem tem majoração para desempregados e de um Governo que tem essa preocupação de
equidade e até de progressividade. É preciso sublinhar essa ideia, para que os portugueses nos
compreendam.
Termino, Sr. Presidente, deixando só ao Sr. Primeiro-Ministro uma nota final.
O Sr. Primeiro-Ministro tem apelado ao consenso e à relação entre o consenso e a exequibilidade deste
mesmo Orçamento. Creio que essa ideia é muito importante não só em matéria fiscal — e o Sr. Primeiro-
Ministro já falou aqui na questão do IRC —, mas também em toda a lógica de execução deste Orçamento.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Primeiro-Ministro, o que está em causa — e vou terminar, Sr.
Presidente — é libertar Portugal desta condição, o que está em causa, nalguma medida, é salvar Portugal e
não resolver os problemas do Governo.
Parece que o Partido Socialista, muitas vezes, confunde o Governo com o País, quando diz, como faz o
seu líder parlamentar, que não quer ser «boia de salvação» do Governo. Mas como é que quem afundou o
País não está disposto agora a ser «boia de salvação» e a ajudar a salvar Portugal desta situação tão difícil?!
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Paulo
Sá.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Primeiro-Ministro, qual é o plano que tem
escondido e que pretende aplicar, quando se verificar o incumprimento dos objetivos orçamentais? Faço-lhe
esta pergunta, Sr. Primeiro-Ministro, porque é uma evidência que os objetivos orçamentais não serão
cumpridos.
No Orçamento do Estado para 2014, o Governo estabelece uma meta para o défice de 4%. É uma previsão
demasiado otimista, mesmo irrealista. O Sr. Primeiro-Ministro sabe, o Governo sabe, a troica sabe que esta
meta para o défice não será atingida. Aliás, nos últimos dois anos e meio, as metas do défice nunca foram
cumpridas, apesar das sucessivas revisões em alta.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Veja-se, por exemplo, Sr. Primeiro-Ministro, o que aconteceu este ano.
Inicialmente, aquando da discussão do Orçamento do Estado para 2013, há exatamente um ano, o
Governo definiu 4,5% como objetivo para o défice. Passado uns meses, em maio, teve que reconhecer e
negociar com a troica um novo valor de 5,5%.
Mas mesmo este valor, Sr. Primeiro-Ministro, não será atingido. Em setembro, com a apresentação do
Orçamento retificativo, o Governo acabou por admitir que este ano o défice ficará nos 5, 8%, ou seja, igual ao
de 2012.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!